Viena – O presidente da Bolívia, Evo Morales, numa entrevista a imprensa hoje (12), recuou claramente das duras críticas e acusações que desferiu ontem (11) contra a Petrobras. Morales negou ter afirmado que a estatal brasileira é "sonegadora de impostos e contrabandista" na Bolívia e culpou a imprensa, que segundo ele quer criar uma crise entre ele e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Morales informou que terá uma "uma reunião importantíssima" amanhã (13) cedo com o presidente brasileiro. Ao ser questionado sobre a reação do presidente Lula, que se disse "indignado" com suas declarações, Morales respondeu: "Podemos ter diferenças, não conheço a versão do presidente Lula. Se ele disse que está indignado, pode ser uma posição de seu governo. Nós também podemos estar indignados com empresas que exploram nossos recursos naturais."
Morales disse que "não está expulsando" a Petrobras ou a espanhola Repsol da Bolívia. "Queremos ela como sócia, para que isso nos permita investir, resolver com os recursos naturais os problemas econômicos e sociais de meu país", afirmou.
Ele disse que "as negociações e o diálogo" em torno da nacionalização das reservas de gás "estão sempre abertos". Segundo Morales, na reunião com o presidente Lula amanhã, "certamente acertaremos algumas bases para que sigamos aliados como países, como empresas."
O presidente boliviano disse que a Bolívia, ao contrário do Brasil e da Venezuela, não tem uma estatal petrolífera de porte. "A Bolívia tem todo o direito e controlará toda a cadeia de produção com seus sócios", disse. "A PDVSA (da Venezuela) continuará, a Repsol (da Espanha) também, e a Petrobras. E para isso o governo estabeleceu um prazo de negociação de 180 dias, de acordo com o decreto de nacionalização."
Morales negou que tenha acusado a Petrobras de sonegadora de impostos e contrabandista. "Eu disse que vamos investigar se as empresas petroleiras pagam ou não pagam imposto, se fazem contrabando ou não", disse. "Isso está sujeito a investigação, eu disse que há denúncias contra algumas empresas, não falei da Petrobras." Ele acusou a imprensa de ter criado um mal entendido em torno do caso. "Se alguns meios de comunicação com terceiras intenções querem confrontar-nos, querem me colocar contra o companheiro Lula, isso não vai acontecer", disse.
"Temos muitas coincidências com o companheiro Lula, um dirigente sindical, agora presidente, que respeito e admiro muito." E acrescentou: "Lamento muito se alguns meios de comunicação disseram que Petrobras é contrabandista."