Viena – O presidente da Bolívia, Evo Morales, gerou mais um atrito nas suas relações com o Brasil de Luiz Inácio Lula da Silva e comprou uma séria disputa com o Itamaraty. Em entrevista à imprensa internacional, Morales "lamentou" que o atual território do Estado do Acre, pertencente à Bolívia e ao Peru até 1903, tenha sido "trocado por um cavalo" pelo Brasil.
A afirmação de Morales foi apresentada espontaneamente, como um exemplo de espoliação sofrida pela Bolívia. Depois, ao ser questionado sobre as declarações do presidente boliviano, o chanceler, Celso Amorim, colocou a questão nos seus devidos termos. "O problema do Acre está resolvido há 100 anos, e foi resolvido pelo patrono da diplomacia", afirmou, lembrando a atuação decisiva que teve no episódio o Barão de Rio Branco, que na época, ocupava o Ministério das Relações Exteriores.
Na entrevista, a queixa de Morales reverberou em risos e pedidos de explicação. O presidente boliviano, entretanto, mostrou que sabe contar bem uma meia história e defender sua versão.
Região ocupada por seringueiros brasileiros no final do século XIX, o Acre acabou adquirido pelo Brasil em 1903 por 2 milhões de libras esterlinas, pagos aos governos boliviano e peruano, e mediante o pagamento de uma indenização de 110 mil libras esterlinas ao arrendatário da área, The Bolivian Syndicate. Mesmo naquela época, não havia cavalo cotado a tal fortuna. A negociação conduzida pelo Barão do Rio Branco foi selada no Tratado de Petrópolis.
