O presidente Evo Morales assinou hoje um decreto nacionalizando os hidrocarbonetos na Bolívia, e ordenou que as Forças Armadas ocupassem campos de petróleo e gás administrados por empresas estrangeiras. Ele ameaçou expulsar do país as companhias que dêem à Bolívia controle sobre toda a cadeia de produção.
Morales disse que soldados e engenheiros da companhia petrolífera estatal (YPFB) seriam enviados "imediatamente" para as instalações e campos de gás administrados por estrangeiros, como a Petrobras, a britânica BG Group PLC e BP PLC, a espanhola Repsol YPF, a francesa Total e a americana Exxon Mobil Corp.
Morales, um esquerdista aliado aos planos dos presidentes cubano Fidel Castro, e venezuelano, Hugo Chávez, de acabar com a influência dos EUA na região, vinha prometendo exercer maior controle estatal sobre a indústria desde que venceu a presidência em dezembro, tornando-se o primeiro presidente indígena da Bolívia.
As companhias têm seis meses para concordarem com os novos contratos, ou terão de partir, disse ele.
"Chegou o momento, o esperado momento, um dia histórico no qual a Bolívia retoma o controle absoluto de seus recursos naturais", discursou Morales no campo petrolífero de San Alberto, no sul da Bolívia, operado pela Petrobras em associação com a Repsol e a Total.
"O saque das companhias estrangeiras terminou", declarou.
A Bolívia tem a segunda maior reserva de gás natural da América do Sul, depois da Venezuela.
Mas Morales adiantou que a nacionalização não significa o completo controle estatal já que a Bolívia não tem capacidade de explorar todas suas reservas de gás natural.
Ele havia dito na semana passada que a Bolívia terá de "organizar um novo batalhão, um novo exército de especialistas de petróleo e gás para exercer o direito de propriedade" e a tomada total pelo Estado da produção petrolífera.
No passado, a YPFB produzia o gás natural da Bolívia, mas ela foi reduzida a um papel administrativo em meados da década de 1990 depois que a exploração e produção de gás foram privatizadas. Morales disse que o Estado iria retomar o controle majoritário das companhias de hidrocarbonetos bolivianas que foram parcialmente privatizadas.
Especialistas têm advertido que a YPFB é incapaz de se tornar novamente uma produtora sem uma expressiva injeção de recursos.