Falta pouco para que as 700 famílias da Vila Pantanal, área de ocupação irregular localizada no Boqueirão, tenham acesso fácil a creche, escola e unidade de saúde. A Prefeitura de Curitiba construiu os equipamentos em troca de financiamento já aprovado do Fonplata (Fondo Financiero para el Desarrollo de la Cuenca del Plata), que vai garantir a regularização da área. A expectativa é tão grande que, mesmo sem poder inaugurar no dia do aniversário da cidade os equipamentos municipais, os moradores farão uma celebração na semana do aniversário de Curitiba.

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Os moradores do Pantanal acreditam que a conquista só foi possível graças à união da comunidade. "Se os líderes da comunidade não se unirem para batalhar por todos, as coisas não acontecem", defende o porteiro Adair dos Santos, que mora no Pantanal há 14 anos e faz parte do grupo de 23 moradores que integram o grupo colaborativo do Pantanal.

"Fizemos muitas reuniões. Algumas a gente ia e voltava triste e noutras a gente ficava feliz de saber que o nosso sonho ia se realizar", lembra o pedreiro José de Andrade. Há quase 33 anos morando no mesmo local, Fátima do Rocio de Paula Araújo, diz que o que está acontecendo no Pantanal é uma benção. "No dia que ergueram a placa da Unidade de Saúde, eu vi da janela de casa, sentei e chorei", conta. O desempregado Airton dos Santos diz que olha para os equipamentos e nem acredita. "Eu até pergunto: será que nós moramos mesmo no Pantanal?".

Trilhos

Os equipamentos que estão sendo construídos e equipados no Pantanal seguem o padrão adotado pela Prefeitura nos bairros. A escola tem 16 salas de aula, a creche terá capacidade para atender 150 crianças e a Unidade de Saúde terá 234 metros quadrados.

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Os três equipamentos vão permitir que as famílias sejam atendidas na própria comunidade e não precisem mais cruzar os trilhos dos trens para ter acesso aos serviços. Hoje, para chegar à escola, creche ou à Unidade de Saúde mais próxima, equipamentos que ficam no Jardim Paranaense, é preciso atravessar o trilho do trem, entre os vagões, porque a ocupação fica bem ao lado do pátio de manobras da ALL.

Com a construção dos equipamentos e a urbanização da área, que ainda vai acontecer, o trilho que separa vai deixar de ser um obstáculo porque entre as obras que serão feitas estão a abertura de uma rua que vai passar sob uma trincheira. Quem quiser chegar ao Jardim Paranaense não precisará atravessar no meio dos vagões porque a travessia mais segura será feita pela nova rua.

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A construção só foi possível porque o Município comprou da extinta Rede Ferroviária Federal a área de 10 mil metros quadrados onde estão sendo construídos os equipamentos. É que a Rede é proprietária de parte da área onde foi consolidada a Vila Pantanal, junto à APA (Área de Preservação Ambiental) do rio Iguaçu, e a Prefeitura só pôde começar a construir os equipamentos depois de comprar o terreno. No caso destes equipamentos que vão atender os moradores da Vila Pantanal, o investimento da Prefeitura foi de R$ 2,2 milhões.

Além da escola, creche e unidade de saúde, a área já tem água, implantada pela Sanepar, e logo terá rede de esgoto. Estão previstas também outras obras de infra-estrutura (energia elétrica e drenagem), implantação de áreas de lazer (pista de skate, quadra coberta e ciclovia), melhoria habitacional (com o remanejamento das famílias dentro da área e construção de casas) e recuperação ambiental (plantio de árvores e recuperação do canal.

A urbanização da área será iniciada depois que a Prefeitura assinar o contrato com o Fonplata, fundo que apóia as iniciativas de desenvolvimento e integração dos países da Bacia do Prata que compreende as bacias dos rios Paraná, Uruguai, Paraguai e da Prata – Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai. A Bacia do Prata é a via fluvial mais extensa da América Latina. O Fonplata é o órgão financeiro do Tratado da Bacia do Prata, assinado em 1970.