Embalados por resultados recordes de produção e exportação, representantes da indústria automobilística recuaram hoje (13) diante do ministro da Fazenda Antonio Palocci. Ao contrário das recentes críticas à política cambial e aos juros altos, os executivos do setor afirmaram entender as necessidades do governo em manter a estabilidade econômica e limitaram-se a pedir medidas para amenizar o efeito da perda cambial.

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Em almoço realizado em São Paulo, a convite da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), os empresários entenderam que não haverá mudança significativa na política cambial no médio prazo, mas não saíram de mãos abanando. O ministro prometeu intensificar negociações para liberação de créditos do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Cerca de R$ 900 milhões não foram repassados pelo governo federal aos Estados, como prevê a Lei Kandir. O crédito com as exportações é usado em novos investimentos, caso das montadoras de São Paulo, único Estado que promoveu a devolução, independentemente do recurso federal.

Segundo o presidente da Anfavea, Rogelio Golfarb, "na equação de custos com as exportações, o crédito do ICMS é relevante". A indústria, que este ano vai exportar o valor recorde de US$ 11,2 bilhões, reclama de prejuízos com a valorização do real. As quatro maiores empresas – Fiat, Volkswagen, GM e Ford – já anunciaram queda na exportação no próximo ano.

Golfarb também informou que Palocci se comprometeu a rever a decisão da Receita Federal, que suspendeu norma estabelecendo redutor de 40% na alíquota de importação de autopeças. O desconto vigorava desde 2001. Com a suspensão anunciada em outubro, as empresas passaram a pagar alíquotas de 12% a 18% na compra de peças de outros países. Segundo a Anfavea o custo da produção de veículos aumentou.

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Palocci pediu paciência aos empresários em relação aos juros. Ele lembrou que o Banco Central, desde setembro, promove redução de taxas. "Devemos ter paciência no sentido de que esse movimento seja consistente, com controle da inflação." Ele disse ainda que o ritmo da queda será decidido "de acordo com o ritmo da inflação".

Este ano, a indústria automobilística terá produção recorde de 2,44 milhões de veículos, 10,4% a mais que no ano passado. Para o 2006, a perspectiva é de crescimento menor, de 4 5%. O mercado interno vai crescer 7,7%, totalizando 1,7 milhão de veículos, e deve ter novo aumento de 7,1% em 2006 – para 1,82 milhão de unidades. Já as exportações cresceram 33,6% e, em 2006 o aumento ficará abaixo de 3% e atingirá US$ 11,5 bilhões.

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