A estratégia das montadoras, de elevar os preços dos veículos vendidos e incrementar o mix de produtos, está fazendo com que as exportações em valores do setor continuem em alta, apesar do câmbio desfavorável para as exportadoras. Em número de unidades embarcadas, porém, já há sinais de retração.

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As exportações de janeiro a maio somaram US$ 4,63 bilhões e foram 8,6% maiores do que o recorde anterior, de igual período em 2005. O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Rogelio Golfarb, afirmou que a associação não vai revisar a estimativa de crescimento das vendas externas em valores: 2,7% de alta sobre o recorde histórico de 2005.

Em unidades embarcadas, de veículos montados e CKD (parcialmente desmontados), a indústria enviou ao exterior 351 mil veículos de janeiro a maio de 2006, um resultado apenas 0,2% acima do verificado no mesmo período em 2005. "As empresas estão reajustando os preços por causa do impacto do câmbio e as receitas estão subindo, mas os volumes embarcados já mostram uma tendência de queda", disse Golfarb.

Segundo ele, o mix de veículos e de peças para exportação está se modificando, em relação ao ano anterior. Por exemplo, o número de caminhões exportados cresce em maior velocidade do que o de veículos leves e impulsiona as receitas de exportação.

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Para Golfarb, essa desaceleração gradual no ritmo de crescimento das vendas externas já era esperada. Ele afirmou que a Anfavea é a favor da modernização da legislação cambial e também pediu ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) uma linha de crédito especial para embarques ao exterior, mas o setor ainda não obteve uma resposta.

De acordo com ele, a indústria entende que o câmbio não vai mais ser um diferencial no comércio exterior. Recentemente, empresas, como a Volkswagen e a General Motors culparam o câmbio pela necessidade de se fazer cortes de empregos.

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Sem citar nomes, Golfarb declarou que algumas exportadoras tradicionais já puseram o pé no freio, mas outras companhias foram "pegas pela questão da valorização do real" num momento de crescimento dos embarques externos. Por isso, não está ocorrendo uma queda repentina nos resultados gerais de exportação do setor.