O nível de emprego das montadoras brasileiras aumentou apenas 0,3% de setembro para outubro, totalizando 92.468 empregados, um acréscimo de 310 postos de trabalho. O crescimento reflete a aceleração do ritmo de produção das fábricas de veículos no mês passado. O volume produzido aumentou 12,9%, para 169,9 mil veículos.
Apesar do crescimento do nível de emprego em relação a setembro, o total de trabalhadores ficou menor na comparação com outubro de 2001. A queda foi de 3,1%, resultado da redução de 2.950 postos de trabalho, de acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Pacto social – A idéia do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, de um pacto social para o desenvolvimento do Brasil agradou a entidade, mas a associação das montadoras defende uma definição mais clara dos termos da proposta. ?As linhas do pacto não estão muito claras; precisamos ver que dimensão queremos dar a esse pacto social?, explicou o presidente da Anfavea, Ricardo Carvalho. O executivo defendeu também a urgência de entendimentos entre os partidos para a aprovação das reformas tributária, previdenciária e trabalhista.
A esperada retomada da câmara setorial automotiva, instrumento utilizado pelo governo em meados da década de 90, é bem vista pelo setor, mas com algumas ressalvas. ?A experiência que tivemos de câmaras sempre ocorreu em situações de emergência e não sei se, numa rotina de governo, a atuação dessas câmaras vai somar o mesmo que em épocas de crise?, disse Carvalho.
Ele observou que os acordos salariais recentes tratam muito mais de cláusulas sociais e de qualidade de trabalho do que propriamente de reajustes. Por esta razão, na opinião de Carvalho, seria difícil a adoção de um acordo salarial no âmbito das câmaras setoriais. ?Hoje, a maioria dos acordos são feitos separadamente pelas empresas?, afirmou.
Incentivo às exportações e desoneração da cadeia produtiva são os principais temas de interesse das montadoras na discussão com o governo federal. ?Exportar é o gatilho mais rápido para crescer?, sustentou o presidente da Anfavea, que espera a manutenção dos acordos bilaterais de comércio entre o Brasil e outros parceiros econômicos. O próximo alvo das empresas é a União Européia. Uma missão de representantes da Anfavea deve viajar à Europa na próxima semana para discutir os termos do acordo com a Associação de Construtores Europeus de Automóveis (ACEA).