A primeira mostra individual e retrospectiva de artista venezuelano Jesús-Rafael Soto, apontado como um mestre da arte cinética – obras com elementos suspensos em que é possível interagir com o público – poderá ser visitada a partir desta quinta-feira (21) até 30 de outubro no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba.
O governador Roberto Requião, ao participar da abertura da exposição ?Soto: A Construção da Imateriallidade? e acompanhar a explicação do curador de Paulo Venancio Filho sobre algumas das 25 obras do revolucionário artista venezuelano, fez questão de passar por uma das obras com elementos suspensos para evidenciar a proposta do trabalho artístico.
?As obras de Soto estão no espaço adequado dada contemporaneidade da arquitetura do Museu Oscar Niemeyer?, reconhece o curador. O artista venezuelano foi um dos primeiros a utilizar a arte cinética, seguindo os passos do americano Alexandre Calder (1898-1976), precursor do móbile. ?Soto: A Construção da Imaterialidade? oferece uma visão cronológica e conceitual do trabalho do artista.
Considerado um dos mais importantes artistas plásticos da América Latina, os ecos da obra de Soto continuam a desafiar, propor e provocar hoje em dia. Para o curador, a exposição percorre a coerente trajetória do trabalho do venezuelano ? a obra mais antiga exposta é de 1955 -, desde as históricas e pioneiras obras cinéticas até os trabalhos mais recentes.
Em uma definição simples, o curador explica que ?a arte cinética procura introduzir o movimento na obra, seja ele real ou virtual, seja através de elementos móveis ou efeitos óticos?.
Além de proporcionar uma visão panorâmica da criação do artista, a mostra apresenta alguns trabalhos inéditos, como a Esfera Theospácio e Ovale Moutarde. A exposição exibe ainda o Penetrável do Museu de Arte Contemporânea da USP, restaurado especialmente para a temporada brasileira da mostra, que teve início no Rio de Janeiro e depois seguiu para São Paulo, chegando agora a Curitiba (PR).
Concebida pelo curador para ir além da exibição da obra do artista, a mostra ?Soto: A Construção da Imaterialidade? também possibilita um diálogo com os artistas brasileiros contemporâneos de Soto. São artistas, abstrato-geométricos e cinéticos, cujas obras compõem a exposição. ?A idéia é evidenciar um dos momentos altos da arte moderna e a importantíssima e pioneira contribuição latino-americana que ainda influencia e estimula a arte e artistas da atualidade?, afirmou Venancio Filho.
Com o objetivo de ilustrar essa concepção, o curador estabeleceu nesse núcleo uma relação entre as obras de Lygia Clark, Hélio Oiticica, Sérgio Camargo, Lygia Pape, Franz Weissmann, Arthur Piza, Amílcar de Castro e Willys de Castro. As obras de Soto são provenientes da Fundación Museo de Arte Moderno Jesús Soto, em Ciudad Bolívar, da Coleção Cisneros e de particulares, além do Museu de Arte Contemporânea da USP.