Mocidade Alegre ilumina avenida e esbanja luxo

Luz, reflexos e muito brilho marcaram o desfile da Mocidade Alegre, que cantou a história e o simbolismo do espelho no sambódromo de São Paulo. A atual campeã do carnaval paulistano veio luxuosa e abusou da criatividade ao misturar contos de fada com o objeto símbolo do desfile – o espelho. O desfile da Mocidade durou 62 minutos e ficou dentro do máximo permitido de 65 minutos. Quando se fecharam os portões, os integrantes da escola continuaram cantando o samba-enredo.

Executado à perfeição pela bateria do Mestre Sombra, o samba da Mocidade fez o público cantar, gritar, aplaudir e dançar de pé, com bandeiras da agremiação na mão. “Foi um desfile fantástico, maravilhoso”, disse, emocionada, a presidente da escola, Solange Bichara. “O resultado do carnaval será consequência do nosso empenho na avenida.”

Para o Mestre Sombra, todos os problemas enfrentados pela Mocidade foram deixados do lado de fora do sambódromo. “Tudo de ruim aconteceu antes da linha amarela”, disse em referência à marca que indica o início da avenida. Ele contou que integrantes da escola ficaram doentes e sofreram acidentes antes do desfile e que a chuva dos últimos meses atrasou o trabalho no barracão. “Terminamos de montar nossos carros com a Águia de Ouro na avenida e colocamos o último destaque no carro com a Mocidade desfilando”, disse.

A escola teve um desfile tranquilo, do início ao fim, tanto que até os empurradores de carros passavam sorrindo pela avenida enquanto trabalhavam. O único problema enfrentado pela escola foi a falta de ajuste da fantasia da rainha da bateria, Nani Moreira. Ela teve de segurar a alça do costeiro e seu adereço de cabeça, que estavam frouxos, por boa parte do desfile. A fantasia da rainha mirim, Marília Silva, de 13 anos, igual a de Nani não teve problemas.

De acordo com Sombra, o detalhe não deve prejudicar a escola. “Nani não deixou o samba morrer. É o que importa”, disse. Para Solange, a falha “faz parte”. “Se não tiver problema, não tem graça.” A presidente tentou apertar os adereços de Nani pouco depois que a bateria entrou no recuo, mas o ajuste surtiu pouco efeito.

Emoção

Solange acredita que o ponto forte da escola neste carnaval foi a emoção dos componentes ao homenagear um dos fundadores da Mocidade, Juarez da Cruz. O sambista, tio de Solange, morreu no ano passado pouco depois da apuração, que deu o título de campeã à Mocidade Alegre. A presidente levou na mão um medalhão dourado com a figura de um leão, presente de Juarez. “É meu amuleto”, disse. “Ele me chamava de leoa do samba.”

O enredo falava da importância de a escola se espelhar em seu criador, Juarez da Cruz. Antes de entrar na avenida, o intérprete Clóvis Pê pediu a bênção do fundador: “Alô, Seu Juarez da Cruz.” O último carro trazia uma homenagem em fotos a sambistas que deixaram saudades e trazia a bordo a velha guarda da Mocidade. “A coreografia da bateria foi ideia do Seu Juarez, lá nos anos 70, época em que a escola conquistou três campeonatos”, contou Mestre Sombra. “Foi mais uma lembrança a ele.”

Mistura

Nos carros, a Mocidade conseguiu mesclar em uma só peça várias abordagens sobre o espelho. O abre-alas, que simbolizava a criação do homem à imagem de Deus, trazia uma cabeça com olhos irradiando luzes coloridas e dezenas de cristais gigantes, além de reproduzir o ambiente de uma floresta e de um aquário – tudo em harmonia.

O quarto carro também abusou da criatividade. Em um tabuleiro de xadrez com peças giratórias gigantes sambavam Alice, do livro “Alice no País dos Espelhos”, pierrôs, duendes, bailarinas e soldadinhos de chumbo.

O espelho foi mostrado ainda quebrado, como símbolo do azar, em uma ala com fantasias pretas. A escola explorou também a vaidade, em uma ala de mulheres vestidas de vermelho com secadores nos cabelos e cercadas por adereços em forma de batons.

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