O Ministério do Meio Ambiente firmou acordo de cooperação técnica com o governo do Estado do Ceará para implementação do Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos efeitos da seca (PAN-Brasil). O acordo foi publicado, nesta terça-feira (4/7), no Diário Oficial da União.

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De acordo com a Secretaria de Recursos Hídricos do MMA, também foram firmados acordos com o Rio Grande do Norte e Maranhão. Segundo José Roberto de Lima, coordenador do Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação, todos os estados das Áreas Suscetíveis à Desertificação (ASD) serão parceiros do MMA na implementação do PAN-Brasil. ?Já estão em andamento os acordos com todos os estados. Vamos trabalhar em conjunto com os governos estaduais para garantir que até 2009 a questão da desertificação tenha sido freada e possamos começar a trabalhar com a recuperação dessas áreas?, afirmou.

As Áreas Suscetíveis à Desertificação no Brasil são aquelas localizadas na Região Nordeste, onde se encontram espaços climaticamente caracterizados como semi-áridos e subúmidos secos. Tais espaços estão inseridos em terras dos Estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e norte de Minas Gerais. Elas abrangem 1201 municípios, numa superfície de 1.130.790,53 km², dos quais 710.437,30 km² (62,8 %) são caracterizados como semi-áridos e 420.258,80 km² (37,2 %) subúmidos secos.

Os municípios do Espírito Santo foram incluídos nesse contexto atendendo ao critério da Lei nº 9.690/1998. No total, as ASD cobrem uma superfície de 1.338.076,00 km² (16% do Brasil). Em 2000, a população residente nas ASD alcançaram o patamar de 31.663.671 habitantes (19% da população brasileira).

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PAN-Brasil

O PAN-Brasil tem como objetivo geral estabelecer diretrizes e instrumentos legais e institucionais que permitam otimizar a formulação e execução de políticas públicas e investimentos privados nas ASD. A degradação da terra e a desertificação são sérios problemas globais. Eles afetam 33% da superficie terrestre e atingem cerca de 2,6 bilhões de pessoas. Particularmente na região Subsahara, na África, de 20 a 50% das terras estão degradadas, atingindo mais de 200 milhões de pessoas. A degradação do solo é também severa na Ásia e América Latina, assim como em outras regiões do globo.

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Na América Latina, mais de 516 milhões de hectares são afetados pela desertificação. Como resultado desse processo, se perdem 24 bilhões de toneladas por ano da camada arável do solo, o que afeta negativamente a produção agrícola e o desenvolvimento sustentável.

A Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca-CCD, da qual o Brasil é signatário desde 1997, considera como zonas áridas, semi-áridas e subúmidas secas todas as áreas – com exceção das polares e das subpolares – com Índice de Aridez entre 0,05 e 0,65. Este é também o critério adotado pelo Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (PAN-Brasil) .

Durante o lançamento do PAN-Brasil, na Conferência Sul-Americana sobre o Combate à Desertificação, realizada de 3 a 6 de agosto de 2004, em Fortaleza/CE, o Secretário-Executivo da CCD, Hamma Arba Diallo, ressaltou que a construção do PAN-Brasil com base nas diretrizes da Agenda 21 e da Convenção das Nações Unidas, vai ao encontro dos objetivos da RIO-92 e da Declaração do Milênio, que prevêem, entre outros aspectos, a erradicação da fome e da pobreza.

Nessa Conferência, Brasil, Argentina, Peru, Venezuela, Chile, República Dominicana e Honduras, se comprometeram em unir esforços para reduzir os impactos econômicos, sociais e ambientais que a desertificação tem causado à América Latina e ao Caribe. Com a Declaração de Fortaleza sobre Cooperação Regional, esses países decidiram compartilhar políticas, trocas de experiências e estimular a participação social nos processos decisórios para o desenvolvimento e qualificação de ações voltadas ao combate à desertificação.