O Ministério do Meio Ambiente entrega na próxima sexta-feira (19) a agricultores de Atibaia (SP), três caldeiras a vapor para tratamento de solo no valor de US$ 50 mil cada. Outras cinco aguardam apenas liberação de documentos e serão entregues nos próximos dias. Os equipamentos possibilitam eliminar o uso do gás brometo de metila, um agrotóxico que agride a camada de ozônio e provoca sérios danos à saúde humana, e que, por esses motivos, teve sua importação proibida no Brasil neste mês.
A entrega ocorre no dia em que se encerra o treinamento dos operadores das máquinas. O evento será realizado às 14h30 na sede da Proflor, localizada na rua Eurico Souza Pereira, 142, no Bairro Alvinópolis, em Atibaia. Ainda na cerimônia de encerramento do curso será apresentado o coletor solar, artefato que substitui a utilização do agrotóxico em menor escala.
O treinamento dos operadores faz parte do Programa Nacional de Eliminação do Brometo de Metila, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente. Durante cinco dias, os 27 inscritos aprenderam a utilizar os equipamentos doados pelo governo brasileiro com recursos do Fundo Multilateral do Protocolo de Montreal. As oito primeiras caldeiras serão entregues a associações de agricultores da região de Atibaia. Os equipamentos poderão ser usados desde já, cedidos pelas associações aos produtores locais de flores e plantas ornamentais que erradicaram o uso do agrotóxico.
Até maio, será entregue o lote completo de caldeiras, com 27 unidades, um investimento de US$ 1,35 milhão, ou quase R$ 3 milhões. O governo brasileiro prevê, ainda, entregar 600 coletores até o fim de 2007, em regiões produtoras de flores em São Paulo, incluindo Atibaia, Ibiúna e Holambra, bem como no estado de Pernambuco.
Tanto a caldeira quanto o coletor podem ser aplicados para o tratamento do solo e o controle de formigas sem causar danos ao meio ambiente ou à saúde das pessoas que o manuseiam. Já o brometo de metila agride a camada de ozônio e provoca efeitos nocivos à saúde, como edema pulmonar, perturbações nervosas, insuficiência circulatória e até câncer, entre outras doenças. A caldeira já é utilizada em outros países, inclusive na vizinha Argentina, onde agrônomos brasileiros vinculados ao plantio de flores tiveram a oportunidade de conhecê-la. Já o coletor solar foi desenvolvido pela Embrapa e possui tecnologia 100% nacional. "Sua fabricação é tão simples que vamos distribuir panfletos com instruções de como produzir seu próprio coletor solar", afirmou o diretor de Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Ruy de Góes.
Parecido com uma mesa, o coletor é feito de madeira. Apoiado em quatro pés, possui uma caixa de madeira no topo, recoberta por uma camada plástica. No interior da caixa estão instalados tubos metálicos, onde a terra deverá ser depositada. Após o aquecimento a temperaturas médias de 60ºC, a terra estará livre de organismos nocivos ao cultivo de plantas ornamentais e hortaliças, como o morango. A caldeira também adota o aquecimento da terra para tratar o solo, utilizando-se de vapor de água em grandes quantidades de terra. A Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unida) está iniciando um processo de licitação para produzir os coletores em escala. Atualmente, o custo estimado de cada coletor é de US$ 100 (R$ 220). O Fundo Multilateral do Protocolo de Montreal dispõe de US$ 2 milhões (cerca de R$ 4,4 milhões) para investir nas caldeiras e coletores.
O brometo de metila é um gás utilizado para tratamento de solo e fitossanitários. Em 1992, o gás foi incluído na lista das substâncias, organizada pelo Protocolo de Montreal, que destrói a camada de ozônio. Como signatário do protocolo, o Brasil assumiu o compromisso de eliminar a substância até 2015. Como o brometo é extremamente tóxico e prejudicial à saúde humana, o governo brasileiro decidiu antecipar os prazos estabelecidos pelo protocolo.