O líder do Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST), Bruno Maranhão, afirmou hoje que ele e os demais manifestantes presos pela invasão e depredação de instalações da Câmara dos Deputados em junho, sofreram agressões físicas, torturas e privações de direitos básicos nos 38 dias de cadeia.

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Na primeira entrevista depois da libertação, ocorrida no último sábado por ordem da 10ª Vara da Justiça Federal em Brasília, Maranhão disse que o MLST estuda medidas judiciais contra a Câmara e sua polícia legislativa, a seu ver os maiores responsáveis pelas violações.

Segundo o relato do dirigente, os sem-terra foram obrigados a sentar-se em chão molhado com urina de policiais e impedidos, até, de ir ao banheiro. Os piores momentos, segundo ele, teriam ocorrido ainda na Câmara, quando os manifestantes passaram 26 horas sem alimentação, algemados e sofrendo maus tratos. "Alguns receberam socos, tapas na orelha, empurrões e xingamentos", afirmou.

Maranhão reconheceu, porém, que alguns manifestantes cometeram excesso e serão punidos, provavelmente com a expulsão do movimento. "A direção do movimento já identificou 15 deles, que receberão uma punição justa", disse Maranhão, que deu a entrevista ao lado do diretor de organização do MLST, Edmilson Oliveira, e assistido o tempo todo pela mulher, Suzana.

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O líder do MLST negou que a invasão, ocorrida em 6 de junho, tenha sido planejada e garantiu que tudo não passou de um incidente, causado por falhas no sistema de segurança do Congresso. "O maior culpado foi a truculência e despreparo da polícia legislativa", afirmou.

O dirigente também culpou pela violência o que chamou de "quarteto golpista do Congresso", por ter, a seu ver, forçado o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), a reprimir os trabalhadores. Os golpistas, segundo Maranhão, seriam o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), definido por ele como "um racista e nazista que comanda a direita e o retrocesso da Nação", além do líder do PSDB no Senado Arthur Virgílio (AM), e os senadores Álvaro Dias (PSDB-PR) e Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA). "Esse quarteto golpista se aproxima da direita fascista da Venezuela", comparou.

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Na hora do quebra-quebra, conforme o relato de Maranhão, havia estudantes e manifestantes das áreas de saúde e do Judiciário misturados aos sem-terra, mas "a polícia truculenta do Congresso reprimiu seletivamente os militantes do MLST, à medida que os identificava pelo boné", argumentou.

O líder do MLST afirmou que tem orgulho de ser dirigente do PT e espera não ser punido pela direção do partido, para a qual enviou fax colocando-se à disposição para se explicar.

Disse, também, que quer trabalhar na campanha da reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a cujo comício vai comparecer no próximo fim de semana, em Recife. "Conheço o companheiro Lula há 25 anos, não há dois dias", afirmou. "A nossa relação foi construída na luta, na ética. Mais do que nunca, eu vou apoiar e fazer campanha para ele. Sei que a direita vai usar meu nome para desgastar o Lula, mas o povo não vai levar em conta essa baixaria".

Segundo Maranhão, o candidato da coligação PSDB/PFL à presidência da República, Geraldo Alckmin, representa a volta do atraso. Antenado na polêmica eleitoral em torno da segurança pública, ele disse que a crise no sistema penitenciário de São Paulo "é obra da incompetência do governo de Alckmin, o candidato do retrocesso".