Os donos de carros movidos a gasolina poderão pagar até 1,5% a menos pelo combustível a partir da próxima segunda-feira, de acordo com cálculos do governo apresentados pelo diretor do Departamento do Açúcar e do Álcool do Ministério da Agricultura, Ângelo Bressan. A previsão foi feita no final de outubro, quando o governo anunciou que o Conselho Interministerial do Açúcar e do Álcool (Cima) tinha decidido elevar de 20% para 23% a mistura de álcool anidro na gasolina.

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O novo porcentual vale a partir de segunda-feira, como determinou em resolução o Cima, órgão que reúne, além da Agricultura, os ministérios da Fazenda, Minas e Energia e Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Dois fatores justificam a estimativa de queda no preço da gasolina nos postos. Além do álcool anidro ser mais barato, não há incidência de Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e nem da Contribuição de Intervenção Sobre o Domínio Econômico (Cide) para o combustível.

Antes mesmo da nova mistura entrar em vigor, o ministro da Agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto, sinalizou ontem, em São Paulo, que o governo poderá elevar de 23% para 25% a adição de álcool na gasolina, caso os estoques estejam em níveis confortáveis. "Em janeiro o governo terá uma reunião para reavaliar essa situação e se os estoques estiverem com bons níveis a mistura pode chegar ao percentual pedido pelas usinas", afirmou o ministro.

A solicitação dos usineiros era de que a mistura fosse elevada agora de 20% para 25%, pedido que não foi aceito pelo governo, que preferiu não correr o risco de haver um desabastecimento do mercado nacional, como o ocorrido no início deste ano, durante a entressafra da cana-de-açúcar. No começo de 2006, o governo foi surpreendido por uma forte alta dos preços do álcool nas usinas e nos postos de gastos. O aumento e o risco de faltar combustível no mercado levou o Cima a reduzir o porcentual de 25% para 20%.

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Nos cálculos do governo, o aumento da adição de álcool anidro para 23% vai incrementar o consumo em 306,9 milhões de litros, o que evitará novos recuos de preços do álcool nas usinas. Ao pedir o aumento, os usineiros argumentaram que os preços do álcool estavam em queda e que a manutenção do porcentual em 20% acabaria desestimulando a produção de cana-de-açúcar. No dia primeiro de maio de 2007, quando começa o período de moagem da nova safra, o estoque deve somar 614,3 milhões de litros, previsão que considera a mistura de 23%. Antes da mudança, os estoques para a data eram estimados em 921,1 milhões de litros.

Para tomar a decisão de mudar a mistura, o governo também avaliou dados relativos aos estoques, produção e exportações. Os embarques em 2006 devem superar em 700 milhões de litros o volume embarcado no ano passado. A produção deve crescer 1,7 bilhão de litros em relação ao resultado de 2005. Os estoques de álcool nas usinas somavam aproximadamente 5,1 bilhões no dia primeiro de outubro. Para o governo, está descartada uma forte alta no preço do álcool na entressafra 2006/07, a partir de janeiro do próximo ano. "Não tem a mínima chance de os preços terem aumento exagerado", disse Bressan. Ele estimou que os preços das usinas devem ficar em cerca de R$ 1 por litro nas usinas entre fevereiro e março de 2007. No final de outubro, os negócios são feitos por R$ 0,75 por litro de hidratado e R$ 0,86 por litro de anidro.

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