Missão de Evo falha e violência entre mineiros mata 16

Com o fracasso do governo boliviano na tentativa de forçar um acordo que pusesse fim ao conflito entre mineiros cooperativados e vinculados à estatal Comibol em Huanuni, no Departamento de Oruro, pelo menos mais quatro pessoas morreram nesta sexta-feira (6), elevando para 16 o número de mortos no confronto iniciado ontem. "Está chovendo dinamite", declarou o mineiro cooperativado Felix Condori, para descrever a violência dos choques.

Diante do resultado negativo do diálogo mediado por cinco ministros do governo de Evo Morales, cerca de 700 policiais foram enviados à pequena cidade de 14 mil habitantes, a quase 300 quilômetros de La Paz e a 4.000 metros de altitude. À noite, os policiais haviam tomado posições estratégicas ao redor dos morros que cercam a cidade, fazendo parar temporariamente os choques.

A oposição boliviana – que acusa Evo de cultivar ambições totalitárias e tentar colocar a Assembléia Constituinte, instalada em agosto, acima dos Três Poderes da república – atribui ao presidente a responsabilidade pelo conflito. Principal líder opositor, o ex-presidente Jorge Tuto Quiroga, afirmou que o governo colhe em Huanuni o resultado do discurso de confronto de Evo. "Quando um governante conclama à agressão, como tem feito o presidente, esse é o resultado", disse Quiroga.

Os choques opõem 4 mil mineiros cooperativados a aproximadamente mil empregados da estatal Corporação Mineira da Bolívia (Comibol). Os dois grupos – ambos majoritariamente simpatizantes do governo de Evo – disputam o controle das jazidas de estanho da região, uma das maiores do mundo.

Os cooperativados eram empregados de uma empresa mineradora que faliu no ano passado. Eles continuaram a explorar as minas associados em cooperativas. Mas a Comibol assumiu o controle das jazidas em maio, na esteira das medidas de nacionalização dos recursos naturais do governo Evo.

Depois de uma frágil trégua acertada ontem, os confrontos recomeçaram nesta sexta-feira quando os cooperativados lançaram de um morro um pneu cheio de pequenas cargas de dinamite na direção da cidade de Huanuni, causando uma forte explosão que levou pânico aos habitantes. Os mineiros estatais responderam à bala. Além de paus e pedras, os mineiros se enfrentam com disparos de armas de grosso calibre, bananas de dinamite e bombas de fabricação caseira.

No hospital da cidade, seis cadáveres estavam empilhados no necrotério. "Todos aqui foram mortos a tiros", esclareceu um médico. A detonação de uma bomba com 50 quilos de explosivos converteu em ruínas um grupo de casas de madeira e pau-a-pique.

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