A Missão das Nações Unidas de Estabilização no Haiti (Minustah) iniciou nesta sexta-feira (20) investigações sobre o embate ocorrido ontem entre tropas brasileiras e moradores da Cité Soleil, a mais violenta favela de Porto Príncipe. No enfrentamento, um militar brasileiro foi ferido de raspão no queixo, de acordo com o Centro de Comunicação Social do Exército (CCSEx). Agências internacionais informaram que pelo menos três haitianos, que protestavam contra a derrubada de casas durante obras executadas pelos militares brasileiros, teriam sido mortos.

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O Exército insistiu que nenhuma casa havia sido afetada pelos trabalhos da tropa de engenharia brasileira responsável pela Cité Soleil, que tentava abrir uma via para facilitar o acesso de veículos militares pela favela. Somente partes de "muros baixos foram removidas", para alargar o acesso. O Exército reconheceu a possibilidade de ter havido vítimas – fato não comprovado até agora. Mas alegou que os militares brasileiros responderam ao fogo aberto por manifestantes.

"Este foi só mais um entre as centenas de tiroteios que nossas tropas enfrentam. A gente tem tido muita sorte por não ter haviado baixas", afirmou o general de Divisão Antônio Gabriel Esper, chefe do Centro de Comunicação Social do Exército.

A versão do Exército brasileiro coincidiu com a divulgada pela porta-voz da Minustah, Sophie Boutaud. Desde o início da missão das Nações Unidas no Haiti, em junho de 2004, o Brasil detém o comando das tropas internacionais e mantém 1.300 militares no país. Desse total, 150 provêm da Companhia de Engenharia de Força de Paz e atuam em obras de pavimentação e recuperação de vias públicas, de perfuração de poços, de urbanização de praças de Porto Príncipe e de terraplenagem.

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Nesses dois anos no Haiti, outros dois soldados foram feridos em enfrentamentos. Durante uma patrulha em Cité Soleil, em julho passado, os soldados Leandro de Oliveira Lino e Renato Dannylo Silva foram atingidos por disparos de grupos armados.