Os acionistas minoritários da Varig admitem entrar na Justiça para questionar a venda dos principais ativos da companhia aérea para a VarigLog. Os investidores argumentam que o leilão judicial mexeu na estrutura da empresa e, por isso, os minoritários deveriam ter participação no negócio. "A venda dos ativos pode ser considerada uma cisão", observa o advogado Fabrício Scalzilli, que representa os investidores minoritários no conselho fiscal da Varig.
Nesta segunda-feira (31) representantes dos minoritários estiveram reunidos com o presidente da Varig, Marcelo Bottini, para discutir a situação dos investidores. Eles argumentam que, após o leilão judicial, a antiga Varig ficou com todo o passivo e ativos que não são suficientes para cobrir suas dívidas de R$ 8 bilhões. "Isso tornou as ações sem valor", reclama Scalzilli. Esse grupo de minoritários representa cerca de 13% do capital da Varig, que continua em recuperação judicial.
Segundo ele, os acionistas se comprometeram, na reunião desta segunda-feira, a não entrar na Justiça até que a VarigLog receba o aval da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e assuma totalmente a administração da nova companhia aérea. "O encontro foi esclarecedor. Na opinião da diretoria da Varig, as ações estão atreladas à antiga empresa. Isso para nós não serve", afirmou.
Os minoritários estão aguardando também um posicionamento da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Eles encaminharam uma notificação à autarquia na última sexta-feira e os técnicos do órgão estariam analisando a questão. A intenção é saber se a CVM também considera os papéis atrelados à antiga empresa.
Os investidores questionam também o fato de os negócios com as ações da companhia aérea não terem sido suspensos durante o processo. "Houve uma especulação enorme. Muitos acionistas compraram as ações acreditando que estariam investindo na nova empresa", disse Scalzilli.