Ministros se mobilizam para garantir que Palocci fica

Em respeito a uma estratégia definida pelo Palácio do Planalto, três integrantes da cúpula do governo voltaram a afirmar hoje que o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, não deixará o governo. O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Guido Mantega, afirmou que a situação do ministro na equipe do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é "sólida" e sua substituição não está em cogitação. O ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, declarou que Palocci é um "agente da confiança" do presidente Lula e que seu colega de ministério está sendo "agredido, caluniado". O ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner, disse que "não há hipótese" de Palocci deixar o governo para disputar as eleições.

"Passei hoje o dia inteiro com o presidente Lula e com o ministro Palocci e não vi nenhuma possibilidade de sua saída do governo. Não há motivos", declarou Mantega. "Se me pedisse um palpite, eu diria que ele (Palocci) tem de ficar porque está sendo agredido, caluniado e não há nenhuma acusação que leve a uma conclusão", insistiu Ciro. "É uma decisão do presidente Lula que já conversou com o ministro, e eu entendo que o quadro que está colocado até o momento o ministro fica", completou Wagner.

As argumentações deixaram claro a linha de ação do governo para se contrapor às denúncias do caseiro Francenildo Santos Costa, autor da denúncia de que Palocci freqüentava uma mansão no Lago Sul onde se dava a partilha de dinheiro por integrantes da chamada "República de Ribeirão" e festas com garotas de programa.

Mantega afirmou que o "caseiro estava muito bem preparado", levantando a suspeita de que fora orientado pela oposição. Em seguida, corrigiu-se: "Não estava tão bem preparado porque caiu em contradição". O presidente do BNDES mencionou as divergências entre as declarações de Francenildo – de que o próprio Palocci havia chegado à mansão dirigindo seu carro, em algumas oportunidades -, as negativas do ministro e a versão de seu motorista, Francisco Chagas, que confirmou a presença de Palocci na casa em várias situações.

Ciro Gomes foi além em seu contra-ataque ao afirmar que parte da oposição "perdeu qualquer limite e escrúpulo" e ao especular também que o depoimento de Francenildo não havia sido "espontâneo". Para ele, o País está submetido a uma situação de "abuso sobre abuso", que compromete as instituições democráticas Concordou, entretanto, que a quebra do sigilo bancário do caseiro foi um dos abusos cometidos. "É um jogo de vale tudo, que qual se diz o que quiser. Nossa imprensa, incitada, publica" atacou. De acordo com Wagner, Palocci só sairia para concorrer ao governo do Estado de São Paulo, e essa hipótese não existe. "Portanto, o único caminho que eu vejo para o ministro Palocci é continuar no governo", disse.

O ministro voltou a defender Palocci e defendeu a investigação do caseiro Francenildo Santos Costa. De acordo com Wagner, o ministro da Fazenda tem dado uma "contribuição inestimável" ao governo e tem todas as condições políticas de se manter na Fazenda. "Dentro da investigação da PF evidente que vai ter investigação sobre o caseiro. Acho que colocar o caseiro ou como vilão ou como caseiro também não é a melhor forma de contribuir para a democracia", afirmou. "Tem que investigar e saber quem está com a verdade e a razão".

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