O ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos, comemorou hoje os avanços no setor de Tecnologia da Informação (TI) em 2004, mas insistiu na necessidade de se manter esforços no ano que vem. Segundo ele, a indústria conseguiu melhorias com a revisão da PIS/Cofins e com a votação da Lei de Inovação Tecnológica. O ministério, entretanto, quer aproveitar os primeiros meses do ano para dar um fôlego maior a questões como as reformas trabalhista e tributária.
"Este foi um ano de muito trabalho, mas teremos ainda mais trabalho pela frente", afirmou Campos, que esteve hoje em São Paulo, para se reunir com representantes do Instituto Brasil para a Convergência Digital (iBCD). "Acho que questões como o marco tributário e a aprovação de uma reforma trabalhista específica para este setor vão exigir um esforço muito grande, em especial no primeiro semestre", acrescentou.
Apesar de reconhecer que temas como a alta carga tributária ainda representam um entrave para o setor, Campos argumentou que o atual governo tem de lidar com a herança das administrações anteriores. "Temos de ter consciência do que aconteceu no Brasil nos últimos governos, onde assistimos a um avanço muito grande da carga tributária", afirmou o ministro. "Mudanças no arranjo tributário atual não podem ser feitas de forma abrupta, pois estamos em uma fase de negociação." Campos disse, no entanto, que tem sentido um comprometimento do governo federal em dar continuidade às discussões que envolvem o setor.
Segundo ele, uma das provas do empenho é que o presidente Lula decidiu recriar a Secretaria de Informática dentro do Ministério da Ciência e Tecnologia, que havia sido fundida com a área responsável pelo segmento de TI. A decisão foi tomada ontem, mas o governo ainda não definiu um nome para comandar a nova secretaria.
A idéia de que o Brasil pode vir a se transformar em um pólo mundial de pesquisa e desenvolvimento (P&D)para o setor de TI já começou a virar realidade, na avaliação do ministro. Segundo ele, grandes multinacionais dessa indústria começam a olhar para o País de forma diferente, o que pode ser comprovado em seus planos de investimentos.
Campos, que participou hoje de um encontro com membros do Instituto Brasil para a Convergência Digital (iBCD), em São Paulo, citou o fato de empresas globais terem anunciado uma expansão na estratégia de P&D no País neste final de ano. A fabricante de celulares Motorola, por exemplo, afirmou recentemente que vai gastar US$ 20 milhões nos próximos 15 meses para criar um centro mundial de testes de software em seu complexo industrial de Jaguariúna (SP).
"Podemos perceber claramente que há um olhar diferente em relação ao Brasil", afirmou o ministro. "As multinacionais começaram a anunciar novos investimentos no País e seus dirigentes, que são brasileiros, têm nos contado resultados positivos de debates ocorridos dentro dessas corporações", acrescentou.
De acordo com Campos, o cenário ajuda inclusive a justificar a meta firmada pelo governo federal de elevar para US$ 2 bilhões as exportações relacionadas à área de software, como parte da política industrial estipulada no início deste ano. "Esta é uma prova de que a nossa meta é perfeitamente atingível." Questionado sobre o descontentamento de parte do setor corporativo em relação aos resultados práticos obtidos pela política industrial, Campos disse que esta é a primeira vez que o Brasil está diante de um esforço real. "Por muitos anos, o País enfrentou gastos excessivos com a máquina. Esta é a primeira vez que um governo tenta criar uma política consistente para isso."