Joaquim Barbosa falou sobre os limites da liberdade de expressão depois de participar de um debate sobre o assunto no STF. Para mostrar que no Brasil essa liberdade não é absoluta e que os excessos são punidos, ele citou o exemplo do gaúcho Siegfried Ellwanger, condenado por editar livros com conteúdo supostamente discriminatório contra judeus. O plenário do STF julgou no ano passado um recurso do editor, mas resolveu manter a condenação. “O STF negou o habeas-corpus e validou a condenação criminal, transmitindo a mensagem de que a liberdade de expressão não é irrestrita e que há limites que podem redundar em condenação criminal”, afirmou Barbosa.
Durante debate com o professor norte-americano de direito David Rabban, Barbosa fez questão de frisar que a interpretação brasileira sobre o direito de expressão segue a orientação dos países europeus e não dos Estados Unidos que, em sua Constituição, estabelece claramente que o Congresso não aprovará lei limitando a liberdade de expressão.
Para demonstrar essa diferença, o ministro citou recente episódio envolvendo o site Yahoo. A Justiça francesa proibiu a divulgação de conteúdos anti-semitas. No entanto, a Justiça norte-americana concluiu que essa proibição não se aplicava aos Estados Unidos.
David Rabban disse que os cidadãos e os jornais têm de ter liberdade para criticar o governo. Segundo ele, os jornais são vitais para a manutenção da democracia. Rabban afirmou que, assim como o magistério, o jornalismo é uma profissão que não pode ser exercida sem liberdade de expressão. “Como se costuma dizer na Suprema Corte (dos Estados Unidos), a liberdade de expressão precisa de espaço para respirar”, afirmou.
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