O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, admitiu hoje (12), em Eldorado, Mato Grosso do Sul, que a mutação do vírus pode ser uma das explicações para o surto de aftosa que atinge a região. Além do foco constatado na fazenda Vezozzo, onde 582 bovinos e 7 suínos foram abatidos, há suspeitas de pelo menos dois outros focos no município de Japorã. Segundo Rodrigues, técnicos brasileiros e estrangeiros estão analisando amostras recolhidas dos animais infectados para o estudo virológico.
"Precisamos saber como a doença apareceu e todas as possibilidades estão sendo consideradas", disse, lembrando que esta é apenas uma hipótese, reforçada por alguns sintomas que os animais doentes apresentaram. Caso se confirme, a situação ficará ainda mais complicada, pois todo o rebanho já vacinado poderá ser suscetível à contaminação. De acordo com o veterinário Rubens Grespan, que atende várias propriedades na região, o vírus da aftosa é complexo e tem três tipos e vários subtipos, por isso ele não descarta a hipótese de uma mutação que o tornaria imune à vacina. O que afetou o rebanho da fazenda Vezozzo é do tipo O, mas ainda não se sabe o subtipo.
Acompanhado do secretário estadual de Agricultura, Dagoberto Nogueira Filho, o ministro foi à estrada de acesso à fazenda Vezozzo constatar pessoalmente o funcionamento das barreiras. Ele orientou um funcionário da Agência Estadual de Sanidade Animal e Vegetal sobre a forma correta de desinfetar os veículos.
Cobrado pelo fazendeiro Fábio Barbanti, que tem 3.800 animais interditados numa fazenda vizinha, Rodrigues disse que não podia garantir a indenização do rebanho, caso venha a ser abatido. "O governo não tem fundos para isso." Em seu auxílio, o secretário Nogueira Filho disse que o governo estadual garantiria. Barbanti não ficou convencido. "A verba do fundo estadual contra aftosa não é suficiente", reclamou. Para a dona da fazenda Vezozzo, Emília Furquino Vezozzo, o ministro prometeu que a indenização será paga assim que o trabalho de avaliação for concluído.