O ministro das Minas e Energia, Silas Rondeau, declarou que os combustíveis não terão reajustes em 2006. Segundo o ministro, a queda do preço do petróleo no mercado internacional e a auto-suficiência da Petrobrás a partir do primeiro semestre devem permitir a manutenção dos preços atuais. "A expectativa com que eu trabalho é a de que não haverá aumento de preços de derivados de petróleo durante o ano de 2006", disse Rondeau, ressalvando que "não dá para descolar" o preço doméstico do preço internacional do barril de petróleo. A Petrobrás não comentou.

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Nos últimos dias o debate sobre a política de preços dos combustíveis para o ano que vem ganhou corpo. No dia 13, a Petrobrás divulgou nota garantindo que manterá a política atual. O comunicado foi divulgado depois de o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, ter declarado que "a situação na economia brasileira ficará mais independente da situação do mercado internacional, tanto em termos físicos quanto em termos de preço". A nota da Petrobrás afirma que a auto-suficiência retira da balança comercial a vulnerabilidade de décadas passadas e reafirma que a política é de acompanhar no médio prazo os preços internacionais. "Dentro desse quadro, a Petrobrás vem repassando e continuará a repassar os preços internacionais ao mercado interno no médio prazo, de acordo com a necessidade de manter sua lucratividade e capacidade de investimento para perpetuar a auto-suficiência, ambas também variáveis de médio prazo", diz a nota oficial.

As declarações de Rondeau surpreenderam o senador e ex-ministro das Minas e Energia, Rodolpho Tourinho (PFL-BA). "Não há quem afirme, mesmo em dia de Natal, que não haverá desvalorização do real e aumento dos preços internacionais do petróleo", afirmou Tourinho. "A taxa de câmbio e o preço do barril é que vão determinar se haverá ou não reajuste nos combustíveis. Fora isso, ou é populismo, ou é demagogia", declarou, ressalvando, entretanto, que acha que o governo Lula será capaz de segurar os preços para agradar a classe média às vésperas das eleições. Ao lembrar que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso já fez isso, disse: "é ruim para o País e para a Petrobrás".

O ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner, rebateu as acusações da oposição de uso eleitoreiro da Petrobrás. "Não tem mais jeito, estamos em ano eleitoral e tudo o que a gente fizer vai ser chamado de eleitoreiro". Wagner argumentou que como a Petrobrás é quase um monopólio, pode haver pressão do governo para não subir os preços, mas há pressão também das indústrias, que não querem ver seus custos elevados. Para Jaques Wagner, a Petrobrás hoje está em situação confortável, por causa da desvalorização do dólar, que lhe dá uma margem para segurar os preços.

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A ministra-chefe da casa Civil, Dilma Rousseff, ao ser questionada na semana passada se a auto-suficiência poderia levar à redução dos preços dos combustíveis, sugeriu que esse é uma debate que deve ser feito dentro do governo.

"Em que pese eu achar que se cria uma outra conjuntura no futuro, isso tem de ser objeto de uma discussão muito cuidadosa", declarou. "O grande problema da Petrobrás é que a um tempo atrás as ações começaram a ser vendidas na bolsa de Nova York e o preço passou a ser regido pelas condições que regem o mercado internacional", comentou ela, acrescentando que "uma empresa como a Petrobrás tem de cuidar muito também do mercado doméstico que é onde ela tem a sua maior força". E acentuou: "ela é uma empresa internacional, mas sua força vem do mercado interno. Nem seus acionistas internacionais irão querer que ela perca participação de mercado.

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