Brasília – O ministro das Cidades, Márcio Fortes, confirmou hoje (31) alguns pontos do pacote de habitação que o jornal O Estado de S.Paulo antecipou em sua edição de sábado. Ele informou que os bancos foram autorizados a emprestar R$ 6,5 bilhões para a classe média em 2006. Esses recursos, somados aos do Orçamento e aos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) destinados às famílias de renda mais baixa, elevarão para R$ 18,5 bilhões o total disponível para financiamento habitacional este ano. No ano passado, o total oferecido foi de R$ 13,7 bilhões

continua após a publicidade

O ponto mais importante do pacote, segundo o ministro, é a redução dos impostos federais embutidos nos preços dos materiais de construção, como os que compõem a chamada cesta básica do setor. "Ainda estamos definindo quais itens serão desonerados", disse Fortes. O pacote deverá ficar pronto em poucos dias. "Por mim, sairia nesta semana", comentou

É provável que o governo opte por cortar o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de alguns itens básicos da construção, como cimento, cerâmicas, aço e telhas. Segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), esse tributo representa até 15% do preço desses produtos. O IPI pode ser reduzido com a simples edição de um decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e não depende de aprovação pelo Congresso Nacional. Outra alternativa é fazer uma desoneração mais ampla, com a edição de uma Medida Provisória (MP). Nesse caso, a MP precisaria passar pela análise de deputados e senadores

A oferta de empréstimos para a classe média tem origem em uma regra aprovada semana passada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Por ela, os bancos precisam emprestar pelo menos 65% dos recursos que seus clientes depositam em caderneta de poupança. O dinheiro que "sobra", ou seja, que não é emprestado, tem de ser depositado no Banco Central, onde é corrigido por 80% da variação da TR. Dessa forma, é um dinheiro que dá "prejuízo" ao banco. Essa regra foi aplicada em 2005 e, na semana passada, prorrogada para este ano

continua após a publicidade

Já para as famílias de renda mais baixa (até cinco salários mínimos por mês) o problema não é falta de dinheiro para emprestar, mas o custo do dinheiro e o acesso ao crédito. O orçamento do FGTS tem aproximadamente R$ 10 bilhões este ano, dos quais R$ 2,7 bilhões irão para saneamento e o restante, para habitação. São os mesmos valores do ano passado. Em 2005, nem todo o dinheiro foi aplicado, por falta de demanda.