Brasília ? O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, está há uma semana pensando, vivendo e respirando uma coisa só: o Caso Waldomiro Diniz. Desde que a revista ?Época? revelou a existência de uma fita onde o ex-assessor da Presidência aparece negociando propina com um bicheiro carioca, ele gasta a maior parte do dia dando rumo às investigações do caso. Em entrevista exclusiva à Radiobrás, o ministro defende um aprofundamento irrestrito da ação policial, mas se posiciona contra a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso Nacional. Despreza argumentos políticos para tal. Para o ministro, uma CPI iria gerar duplicidade de ações _ e muita confusão.
?A CPI existe para colher elementos que ajudem o Ministério Público a investigar o caso?, explica. ?Mas, nesse caso, o Ministério Público já está agindo, e por uma solicitação do governo?, afirma. Para Thomaz Bastos, a ação da Polícia Federal será fundamental para a sustentação do discurso anticorrupção do governo. O ministro afirma que a duplicação de esforços, muitas vezes, faz paralisar as investigações. Segundo ele, apesar da reação dos partidos de oposição, o PT está agindo corretamente ao descartar uma CPI em prol de uma investigação policial e administrativa tradicional. ?O partido está agindo dentro da mais absoluta coerência?, avalia. ?O PT sempre exigiu transparência na apuração dos fatos, uma investigação ampla, que trouxe o Ministério Público para o assunto?.
De fato, o ministro joga quase todas as fichas na atuação da Polícia Federal, órgão subordinado a ele _ e dirigido por um colaborador de estrita confiança, o delegado Paulo Lacerda. Avisa que, embora o controle político da corporação tenha sido uma realidade em tempos recentes, não há chance de a investigação sobre Waldomiro Diniz ser contaminada pelo estabilishment. ?A Polícia Federal está superando dificuldades antigas e vive um momento de grande auto-estima?, diz.
Nem as acusações de que a PF demorou demais para realizar a operação de busca e apreensão na casa de Waldomiro e de outros envolvidos o demove do entusiasmo. ?A Polícia Federal agiu com enorme presteza?, rebate Thomaz Bastos. Segundo ele, a distância entre a denúncia na ?Época?, na sexta-feira passada, e a operação, na segunda-feira, é muito curta quando leva em conta a complexidade de uma ação desse tipo. ?Foram ações em Goiânia, Anápolis e Brasília. Sem organização, havia o risco da frustração?.
A CPI dos Bingos, proposta pelo senador Magno Malta (PL-ES), não assusta o ministro Márcio Thomaz Bastos. ?É uma CPI que, se for mesmo instalada, terá um foco mais aberto, vai olhar mais de longe, procurar observar o fenômeno do jogo no Brasil?, avalia. ?Não acredito que ela vá atrapalhar as investigações que já estão em curso?.
Ministro da Justiça garante investigação isenta, mas descarta CPI
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