Às vésperas da eleição para as mesas da Câmara e do Senado, na qual o governo federal tem interesse estratégico, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, demissionário, evitou trazer à tona o tema da reforma ministerial. Indagado até quando permaneceria no cargo, ele deu pela primeira vez uma resposta lacônica. "Até quando o presidente (Luiz Inácio Lula da Silva) quiser", disse, dando margem a especulações sobre um eventual recuo.

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Bastos deu a declaração após participar da solenidade de posse do novo coordenador-geral de Polícia Fazendária, delegado Joaquim Mesquita e da nova superintendente da PF em Brasília, delegada Valquíria de Souza Andrade, primeira mulher a ocupar o cargo. A decisão do ministro de deixar o cargo tem causado embaraço ao presidente Lula, ante a dificuldade de achar um sucessor com sua habilidade política e lealdade.

Desde que anunciou que não permaneceria no Ministério no segundo mandato presidencial, há três meses, esta é a primeira vez que Bastos demonstra algum vacilo. Ele até já despachou seus livros e utensílios pessoais para sua residência em São Paulo, onde vivem sua mulher e filhos. O ministro inclusive tem feito contatos profissionais para a retomada das suas atividades como advogado criminalista.

No final de dezembro, durante solenidade no Palácio do Planalto, Bastos formalizou sua saída da Pasta e até se despediu de Lula, que no entanto pediu que ele permanecesse no cargo até fevereiro depois da eleição das Mesas da Câmara e Senado. Desde então, não têm faltado apelos para que ele permaneça no cargo. Caso a saída se confirme, o substituto mais provável é o atual ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro.

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Nesta segunda-feira (29), o apelo foi renovado pelo diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, que anunciou sua saída do cargo, caso o chefe saia. No discurso de saudação aos novos dirigentes, Lacerda agradeceu o apoio de Bastos à PF e fez uma provocação, que arrancou aplausos entusiasmados do auditório lotado de delegados: "Tomara que alguém consiga convencê-lo a continuar no cargo por mais um tempo, para o bem do País".