O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta sexta-feira (9), em Buenos Aires, que espera que o Brasil reduza os juros reais a 5% nos próximos anos. ?A minha expectativa é de que ao longo dos anos o Brasil tenha juro real compatível com o de outros países, ou seja, taxa de juro real de 5%.? Mantega lembrou que a redução de 0,25 ponto porcentual da taxa Selic nesta semana ocorreu em meio a uma turbulência nos mercados, o que deu satisfação ao governo por ver que o País mantém a trajetória de queda das taxas de juros e crescimento econômico.
O ministro afirmou que vê com satisfação o crescimento de 8% a 10% da Argentina, porque isso significa que o país vizinho vai comprar mais produtos brasileiros e também vai exportar mais para o Brasil. ?É claro que gostaríamos também de crescer 8%. Mas a realidade e a trajetória de um país e de outro são diferentes?, afirmou. ?O Brasil não tem condições de crescer a 8%, mas tem de crescer a 5% de forma sustentável. Tanto tem que em 2007 a economia já está crescendo a 4%.?
A ministra de Economia da Argentina, Felisa Miceli, concordou com as diferenças de trajetórias, mas disse que o Brasil ?tem tido mais continuidade de crescimento?. Os dois ministros anunciaram que a partir de 1º de julho entrará em funcionamento o novo sistema de pagamentos em peso e em real no comércio bilateral. ?Este será o primeiro passo para uma integração também financeira?, disse Mantega, em entrevista na capital argentina.
A eliminação do dólar ressalta, na avaliação do ministro, a importância das moedas de ambos os países. ?Não necessitamos nos referenciar em outra moeda. Essa nova regra está reduzindo custos, eliminando a intermediação e facilitando o comércio entre os dois países.? Após reunião com o presidente do BC argentino, Martín Redrado, ele informou que do lado argentino o processo de eliminação do dólar nas transações bilaterais está bastante adiantado.
Mantega informou ainda que aceitou convite da ministra Felisa Miceli para que o Brasil integre a comissão Argentina-Venezuela para estudar o melhor caminho para criação do Banco do Sul. Os ministros também acertaram discutir uma reforma do acordo de bitributação entre os dois países. O governo brasileiro pediu a isenção da cobrança de 0,5% de imposto sobre bens pessoais, que na Argentina é cobrado também de pessoas jurídicas, o que acaba onerando as empresas brasileiras no país.
