O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que não está satisfeito com a velocidade com que evoluem as reformas de cotas e votos no FMI. Em entrevista concedida no encontro de Primavera do Fundo, em Washington, ele reconheceu que os membros do FMI estão divididos sobre a redistribuição das cotas e poder de voto. Mantega afirmou que nas reuniões, em Washington, que um dos assuntos discutidos " foi o desequilíbrio financeiro do Fundo Monetário. O FMI anda meio desequilibrado, não fez a lição de casa que nossos países fizeram: ajuste fiscal e redução de custo. Então, está hoje na constrangedora situação de fazer este ajuste. Vai ter de vender o ouro, as reservas", afirmou.
"Eles (o Fundo) estão querendo cobrar pela assistência técnica para os países. O que foi desaconselhado. Como o Fundo vai dar assistência técnica se está desequilibrado?", perguntou. "Acho que perdeu um pouco da moral", disse. "Um ano atrás eu estava aqui e os mesmo temas de pauta estavam sendo discutidos. Aí avança em uma direção, depois recua. Há uma divisão grande do Fundo com relação a questão das cotas", reconhece. "Obviamente eu não estou satisfeito", disse sobre a velocidade com que caminha a discussão de cotas no Fundo.
De acordo com o ministro, na reforma de cotas, países que cresceram menos e que têm projeção econômica menor querem manter participação maior nas cotas. "(Querem manter participação de que 40 a 50 anos atrás quando eles eram importantes economicamente. E tem os países emergentes, dinâmicos, que têm PIB maior e que gostariam de ter uma participação de cotas proporcional à participação econômica", afirma.
"Tem gente que defende abertura comercial, só exporta e exporta, e tem um país que tem um PIB como nosso, o oitavo mundial em paridade de poder de compra (PPP na sigla em inglês), e, portanto, tem peso na economia mundial, mas que tem 1% de participação no Fundo. O que não é certo evidentemente", completo.