O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, admitiu hoje que houve "relaxamento" no controle da febre aftosa no Brasil. Sem citar nomes, ele lembrou que já havia alertado para os riscos do reaparecimento da doença. "Eu tenho dito há muito tempo: o problema da aftosa não é saber se vai ter; é saber quando e onde vai aparecer. Eu tinha medo porque achava que havia um relaxamento da situação", disse hoje à Agência Estado, ao comentar o momento ruim pelo qual a agricultura vem passando nos últimos meses. Rodrigues tem evitado polemizar, mas, em outros momentos, já se queixou da demora na liberação de recursos pela área econômica para seu ministério.

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"O problema da crise é que, economicamente falando, mata gente inocente. Esse é um problema que me amargura profundamente. Numa crise agrícola como a aftosa, tem gente boa, inocente, que paga por fatores sobre os quais ela não tem a menor responsabilidade", desabafou o ministro que, mesmo com o feriado de Finados, realizou hoje no ministério reuniões para discutir o problema da aftosa. Às 8h, já estava com sua equipe técnica e, às 10h30, recebeu por quase três horas representantes da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) e da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipes).

Ficou definido um conjunto de ações para tentar reverter os embargos às importações de carne bovina do Brasil por mais de 40 países. Entre elas, está a criação de um sistema de informação centralizada no Ministério da Agricultura, que passará a ser a única fonte de informação para o setor privado, embaixadas e imprensa.

Também será estabelecida uma estratégia de comunicação internacional para demonstrar as medidas que o Brasil vem adotando para controlar a aftosa. Outra decisão será dar um tratamento especial aos países que suspenderam as compras de carne de todas as regiões do Brasil. Segundo o ministro, é preciso dar mais informações a esses países, além de enviar missões a alguns deles.

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"O banimento do País de forma alguma justifica o risco que eles estão avaliando pela situação de controle que o Brasil apresenta hoje", acrescentou o diretor-executivo da Abiec, Antônio Camardelli, citando como exemplo o Chile.

Camardelli afirmou que os reflexos da aftosa nas exportações brasileiras, já sentidos em outubro, devem ser piores em novembro, provocando prejuízo de US$ 100 milhões. "O olho do furacão deve se estabelecer em novembro." Ele acredita que uma reversão no quadro só deve ser sentida a partir de dezembro.

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Segundo a Abiec, a perda de exportações em outubro, em relação a setembro, foi de US$ 68 milhões. Os dados incluem as vendas externas de carne in natura e industrializada e, por isso são diferentes dos apresentados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Os números do governo mostraram queda de 23% nas vendas apenas de carne in natura, o que representa US$ 156 milhões em relação a setembro.