O ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Oliveira Passos, jogou a culpa nos governos anteriores pelo mau estado de conservação da BR 316, no Maranhão, rodovia que acabou sendo o estopim de um confronto entre do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao seu concorrente na corrida pela Presidência Geraldo Alckmin, do PSDB. "O que as pessoas precisam saber é que essa estrada ficou 17 anos sem receber nenhuma restauração. E nós fizemos o projeto de engenharia e contratamos a empresa que vai fazer o serviço de recuperação da estrada", disse Passos neste domingo (10) ao Estado.
O coordenador do programa de governo da campanha tucana, João Carlos Meirelles, afirmou, por sua vez, que essa rodovia é um exemplo da falta investimentos do governo Lula na área de infra-estrutura. Segundo ele, o atual governo fez muito pouco na área de rodovias e a ação mais digna de nota nessa área, a operação tapa-buraco (executada no primeiro semestre), foi feita com "caráter eleitoral". "Tapar buracos é uma coisa rotineira, não precisa convocar vários ministros para anunciar uma operação como essa, como fez o governo no início do ano", disse.
Segundo o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT), a licitação para a recuperação de cerca de 300 quilômetros da BR 316 – incluindo o trecho mais crítico mostrado em reportagem da TV Globo que deu origem ao bate-boca entre os candidatos – foi concluída em abril. A empresa escolhida para tocar as obras foi a Delta Construções, a mesma que realizou volume substancial de obras na operação tapa-buracos. Essa empresa foi uma importante doadora de recursos ao PT e partidos aliados nas eleições municipais de 2004.
O contrato do DNIT com a Delta para recuperação da BR 316 foi assinado em julho e, segundo a autarquia, a empreiteira já iniciou o trabalho de recuperação da pista, com previsão de que, até o fim deste mês já estejam em boas condições de tráfego os primeiros 100 quilômetros desse trecho.
O ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento, que concorre a uma vaga no Senado pelo PL do Amazonas, disse que alguns pontos desse trecho da BR 316, no Maranhão, encontravam-se em uma situação tão grave que precisavam ser "praticamente reconstruídos". As obras de recuperação da BR 316 custarão cerca de R$ 93 milhões. Desse montante, o DNIT já empenhou R$ 27 milhões.
Nas próximas semanas, o Tribunal de Contas da União (TCU) deverá divulgar o relatório final das auditorias realizadas na operação tapa-buracos. Os dados preliminares já divulgados pelo tribunal em maio apontaram a existência de indícios de irregularidades em quase a metade dos contratos analisados até então, incluindo suspeitas de custos superestimados (sobrepreço).