Sem mais respaldo na oposição, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, vive seu momento de maior fragilidade e chegou a pedir socorro ao banqueiro Lázaro Brandão do Bradesco. Na última quinta-feira, Palocci telefonou de Londres para Lázaro Brandão, pois estava aflito com o depoimento ainda em curso do delegado Benedito Valencise à CPI dos Bingos. Brandão ligou em seguida para dois senadores da oposição e manifestou sua preocupação com a gravidade do depoimento do delegado. Os dois senadores foram simpáticos com o banqueiro, mas o depoimento seguiu seu rumo sem alívio para Palocci.
A situação do ministro ficou ainda pior com as declarações do caseiro Francenildo Santos Costas. PFL e PSDB decidiram que não vão mais proteger o ministro como fizeram em outras ocasiões em que Palocci foi acusado de conexão com o propinoduto de Ribeirão Preto. "Eu não vou mais defender o Palocci porque a situação dele é insustentável", disse o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA).
"Chance zero", definiu o líder do PFL no Senado, Agripino Maia (RN), ao ser indagado da possibilidade do seu partido repetir o gesto de apoio institucional a Palocci. "Palocci agora vai ter que voltar à CPI.". O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), disse a amigos que estava chocado com que dissera o caseiro em relação a Palocci. Virgílio, que durante o depoimento de Palocci na CPI adotou uma atitude cordata com o ministro, era só decepção. E avisou que não mais defenderia a permanência de Palocci por considerá-la indefensável.
"O depoimento foi fulminante e não há mais condições dele se manter no cargo", afirmou o senador Álvaro Dias (PSDB-PR). O líder do PT, Tião Viana, trabalhou como um desesperado em defesa do titular da Fazenda. Tentou contratar o ex-subprocurador geral, José Roberto Santoro, que é seu amigo, para trabalhar como advogado de defesa do ministro. Mas não obteve êxito.
O parlamentar está agora reunindo forças para evitar que o caseiro seja ouvido pela CPI. Vai alegar que o caseiro não pode falar, que ele não está circunscrito no fato determinado que gerou a instalação da CPI. "Agora é guerra. Vamos para o confronto. O ministro tem instrumentos para demolir o depoimento do caseiro", disse. Mas no Senado poucos acreditam no sucesso da estratégia da liderança do governo.