Ministro alerta que guerra ao terrorismo não pode vitimar inocentes

Londres (AE) – O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse ao governo britânico que o Brasil é um aliado na campanha contra o terrorismo mas alertou que é preciso cautela para ela não resultar na morte de inocentes, como foi o caso do cidadão brasileiro Jean Charles de Menezes, morto na sexta-feira pela Scotland Yard. "O governo brasileiro, e na verdade a opinião pública brasileira, está perplexa e chocada com esses eventos pois está claro que Menezes era uma pessoa pacífica e inocente", disse Amorim após se reunir com o subsecretário de Relações Exteriores do Reino Unido, Lord Triesman. "O Brasil está totalmente em solidariedade com o Reino Unido e todo mundo na guerra contra o terrorismo, mas é claro que mesmo nesta luta nós deveríamos ser cautelosos, observando os direitos humanos e lei internacional, para evitar a perda de vidas inocentes, como foi o que ocorreu aqui." Amorim está em Londres para participar de uma série de encontros do G-4, grupo formado, além do Brasil, pelo Japão, Índia e Alemanha que reivindica um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Ele comunicou pessoalmente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a morte de Menezes no sábado.

As autoridades britânicas não ofereceram nenhum detalhe sobre as circunstâncias que levaram à morte de Menezes. Segundo o ministro, Lord Triesman "lamentou profundamente" a morte do brasileiro e garantiu que uma investigação independente plena vai apurar todos os aspectos do incidente. Um comandante da Scotland Yard também participou do encontro e fez um relato sobre como ocorrerá essa investigação que será feita pela Independent Police Complaints Commission (IPCC).

O ministro das Relações Exteriores britânico, Jack Straw, que estava no interior da Inglaterra, telefonou a Amorim durante a reunião e também pediu desculpas pela morte. Straw e Amorim devem se encontrar amanhã para discutir o tema.

"Eles me informaram que essa investigação poderá levar algum tempo", disse Amorim. "Ela é muito importante para nós, obviamente não recuperaremos a vida do cidadão brasileiro que morreu mas é muito importante conhecer todos os detalhes".

Ele observou que o governo brasileiro e a família de Menezes querem que o resultado da investigação seja concluído o quanto antes, mas ressaltou que o mais importante é que ela seja completa e conclusiva.

"Nós vamos acompanhar agora o curso dessas investigações", disse. Uma fonte da Scotland Yard disse ao Estado que a investigação do IPCC poderá demorar "pelo menos algumas semanas". Ainda não há uma data prevista para a liberação do corpo de Menezes.

Amorim ressaltou que a Embaixada brasileira está oferecendo todo o apoio possível aos familiares da vítima residentes em Londres. Ele já conversou com eles por telefone e deverá visitá-los pessoalmente antes de partir do Reino Unido, na terça-feira.

O ministro disse que cabe à família de Menezes a decisão de solicitar uma reparação junto ao governo britânico, embora acredite que ela terá eventualmente que aguardar o final das investigações. "Mas a admissão que trata-se de um erro (da polícia) deve implicar alguma reação nesse sentido", disse o ministro.

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