O ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, disse hoje, em Porto Alegre, desconhecer qualquer tentativa de acordo entre o governo e a oposição em torno das investigações de denúncias de corrupção e considerou esta hipótese inviável.
"O que de ve ser feito é aprofundar as investigações, informar a sociedade e criar condições de sair da crise de forma exemplar", afirmou.
Rossetto também avaliou a movimentação das correntes do PT para a eleição interna dos novos dirigentes, em setembro. Ele discordou da avaliação do presidente nacional do partido, Tarso Genro, que sugeriu a unificação das cinco candidaturas que representam a esquerda.
Para Genro, isso facilitaria o debate e permitiria aprofundá-lo. Rossetto tem uma avaliação oposta. A pluralidade de candidatos é sinal "da riqueza interna do PT", na opinião do ministro do Desenvolvimento Agrário.
Rossetto não vê risco de uma ruptura mais aguda entre as correntes durante o processo, apesar da diversidade de representantes. "Tarso vai representar o Campo Majoritário e é legítimo", afirmou.
"Temos outras candidaturas legítimas", acrescentou. O presidente nacional do PT confirmou ontem (28) que aceitou a indicação do Campo Majoritário para concorrer à presidência da legenda, que é disputada por sete candidatos.
De acordo com Rossetto, o processo interno de eleições é a melhor forma de revigorar a sigla. "Temos de estimular ampla participação dos filiados", defendeu.
"O PT é muito maior que a conduta de alguns dirigentes." Conforme o ministro do Desenvolvimento Agrário, o debate eleitoral interno cria força e legitimidade para a retomada da iniciativa política da agremiação.
Rossetto afirmou que "o partido tem de tensionar, positivamente, o governo", ao ser questionado sobre a possibilidade de a discussão eleitoral resultar em pressões por mudanças nas ações do governo.
O ministro disse que a administração federal é composta por várias forças políticas e que o PT deve encontrar espaço "que preserve sua identidade e sustente uma agenda de mudanças para o governo".
Rossetto citou a reforma política como um exemplo de proposta que o partido deveria ter tomado a iniciativa de apresentar. "O PT não é subordinado ao governo", disse.
"Tem de ter uma posição protagonista de defesa do governo, mas, ao mesmo tempo, de distanciamento correto, que permite cumprir sua tarefa", acrescentou o ministro, que participou hoje da abertura do Seminário Ações de prevenção à seca no sul do Brasil.