O diretor de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Marcos Sorrentino, afirmou que a discussão sobre o Imposto de Renda Ecológico – objeto do Projeto de Lei 5974/05, em análise na Câmara – é uma oportunidade privilegiada para incluir o debate sobre educação ambiental nas políticas de financiamento. Sorrentino participou do seminário "Ação pelo IR Ecológico: A natureza merece esse estímulo", promovido pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.

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Segundo ele, o projeto já estimula esse debate ao prever que a pessoa física ou jurídica possa optar por descontar do IR devido os investimentos em projetos ambientais e que esses recursos sejam destinados a projetos de educação ambiental. Mas Sorrentino defende ainda que se aproveite a oportunidade para discutir mecanismos de simplificação da prestação de contas das instituições que recebem recursos de renúncia fiscal. Ele ressalta que muitas instituições ficam com o "pé atrás" para captar recursos dessa forma porque não conseguem cumprir as complexas exigências da legislação e são obrigadas a devolver o dinheiro.

Sistema nacional

Sorrentino propõe ainda que se aproveite o momento para criação de um sistema nacional de educação ambiental. Ele afirmou que a educação ambiental recebe um percentual muito baixo dos recursos dos fundos de preservação do meio ambiente, que, em geral, concentram-se na criação de unidades de conservação. Como exemplo, Sorrentino disse que a educação ambiental recebe apenas R$ 3 milhões por ano do Fundo Nacional de Meio Ambiente (FNMA). "É muito pouco para as demandas que existem", declarou, destacando que o setor é o que mais apresenta projetos junto ao fundo. "Todo mundo fala em educação ambiental, mas isso não se reverte em destinação de recursos", acrescentou.

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Em vez de vários projetos de educação ambiental ficarem competindo entre si pelos poucos recursos disponíveis, Sorrentino propõe um sistema descentralizado, mas articulado, de forma a buscar uma sinergia.

Conversão de dívidas

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O gerente de Alternativas Econômicas para a Conservação da ONG Conservação Internacional, Alexandre Prado, ressaltou que o Brasil tem aproveitado pouco o potencial para conversão de dívidas em ações ambientais. Ele citou o caso bem-sucedido da conversão de 750 mil dólares (R$ 1 milhão e 725 mil) da dívida externa brasileira num projeto de implantação do Parque Nacional Grande Sertão Veredas coordenado pela Funatura. Segundo Prado, no ano passado o Acre chegou a obter uma autorização do então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, para converter dívidas em projetos no estado, mas a iniciativa acabou não sendo implementada.

Proteção da Amazônia

O coordenador do Programa Área de Proteção da Amazônia (Arpa) do Ministério do Meio Ambiente no WWF-Brasil, Cláudio Maretti, disse que a meta do projeto é a proteção de 500 mil km² (50 milhões de hectares) em dez anos. Desses, 285 mil km² são novas unidades de conservação de proteção integral, outros 90 mil km² são novas unidades de conservação de uso sustentável, e 125 mil km² são áreas já existentes. Maretti destacou que estão sendo investidos 150 milhões de dólares (R$ 345 milhões) na criação das unidades de conservação e outros 240 milhões de dólares (R$ 552 milhões) na criação de um fundo de capitalização permanente, de forma que só a renda do capital principal desse fundo seja utilizada.