O Ministério Público Federal iniciou ontem, no Rio de Janeiro, uma investigação sobre suspeitas de irregularidades em contratos firmados pela Petrobras com ONGs e prefeituras que receberam verbas para projetos sociais. O pedido para a abertura do procedimento foi feito pelo coordenador do Ofício de Tutela Coletiva, José Soares, a partir de notícias veiculadas na imprensa.
O encarregado pela investigação é o procurador da República Vinícius Panetto, que solicitará à estatal o envio de todos os contratos estabelecidos entre agosto do ano passado e outubro deste ano, período no qual mais de R$ 30 milhões teriam sido distribuídos para entidades ligadas ao PT e ao MST.
As suspeitas começaram após a publicação de matéria do jornal O Globo, no domingo passado. A reportagem sugeria também que a Petrobras teria irrigado campanhas petistas por meio de verbas concedidas a empresas com as quais a estatal tem contratos e que estariam fazendo doações ao PT.
A Petrobras negou as acusações de forma veemente. O presidente da empresa, José Sérgio Gabrielli, argumentou que são mais de 70 mil fornecedores e 1.751 projetos sociais em parceria com 15 mil entidades.
Ele disse também que a Petrobras não tem gestão sobre interesses político-partidários dos beneficiados e que os repasses para ONGs são feitos com base em análises técnicas. A empresa deve investir US$ 87 bilhões em projetos de desenvolvimento econômico social e ambiental no País em cinco anos.
Depois que o tema veio à tona, Gabrielli, disse que a Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi), que tem um convênio no valor de R$ 268 milhões para a formação de 70 mil profissionais colocado sob suspeita, não receberá o dinheiro. "Os recursos serão repassados diretamente para as instituições que vão treinar profissionais", disse ele ao Estado.