Ministério Público faz levantamento de roubo de armas em quartéis do Rio

Rio de Janeiro – A Procuradoria da Justiça Militar do Rio de Janeiro está fazendo um levantamento junto às Forças Armadas do desvio de armamento dos quartéis localizados no estado. Segundo o promotor de Justiça Militar Antonio Carlos Facuri, serão analisados todos os inquéritos instaurados pela Marinha, Exército e Aeronáutica entre 2004 e 2006. Um relatório deve ser divulgado no prazo de 90 dias.

O promotor de Justiça Militar Ailton José da Silva afirmou que o levantamento do roubo de armas deve abranger também outros estados brasileiros, a exemplo do que foi feito pelo Ministério Público Militar no início de 2005, quando um estudo nacional mostrou quantas armas foram desviadas dos quartéis do Brasil entre 1999 e 2004.

O último grande roubo no estado do Rio de Janeiro ganhou repercussão nacional, depois que assaltantes renderam sentinelas de um quartel do Exército, no dia 3 de março deste ano, e levaram dez fuzis e uma pistola. De acordo com o promotor Facuri, os sete acusados de envolvimento no crime devem ser julgados até o início de setembro.

Facuri explicou que, dos três civis com mandado de prisão expedido, dois continuam presos, os ex-militares Joelson Basílio da Silva e Carlos Leandro de Souza, enquanto Alex Souza Marinho está foragido. Os três estão sendo processados por roubo triplamente qualificado, crime que resulta em penas de seis a 21 anos de reclusão.

Um quarto acusado, o sargento da ativa Humberto de Sousa Freire, foi inicialmente denunciado como mentor do crime e também está sendo processado pelo roubo. Facuri acredita, porém, que a falta de provas pode fazer com que ele seja julgado apenas por negligência no serviço.

O promotor disse que os outros suspeitos, que tinham apontado o sargento como mentor do crime, não sustentaram a versão em depoimento à Justiça. ?Se o Ministério Público Militar não conseguir provar essa participação no roubo, pode haver, o que está claro, a classificação no crime de negligência?, disse Facuri.

Outros três militares serão julgados pelo crime de negligência: o tenente Igor dos Santos da Silva, o cabo Eric da Silva Campos e o soldado Max Athaíde Pereira, que já teria sido desligado do Exército. Eles poderão ser punidos com a expulsão do Exército e com detenção pelo período de seis meses.

O roubo dos dez fuzis resultou em uma megaoperação do Exército, que chegou a ocupar dez favelas com 1,5 mil homens em busca do armamento, que, segundo informações, estaria nas mãos de traficantes. As armas seriam encontradas duas semanas depois.

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