Ministério Público denuncia presidente da CBF por evasão de divisas

O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, foi denunciado pelos crimes de evasão de divisas e realização de operações de câmbio com falsa informação e pode ser condenado a uma pena total de dez anos de reclusão. A denúncia foi feita pelo Ministério Público Federal (MPF), que se baseou no relatório final da CPI do Futebol, realizada pelo senado em 2001.

Além de Teixeira, o secretário Geral da CBF, Marco Antônio Teixeira, e o diretor financeiro da entidade José Carlos Salim também foram denunciados. De acordo com o procurador da República Marcelo Freire além da denúncia também foi pedido a 6.ª Vara Federal Criminal do Rio a quebra dos sigilos fiscais e bancários de todos os envolvidos, desde 1998.

Pela evasão de divisas, o presidente da CBF pode ser condenado, se culpado, a uma pena entre dois e seis anos de reclusão, já pela prestação falsa de informação, a punição seria entre um a quatro anos de detenção.

"Há uma enorme diferença entre a remuneração auferida pelo Delta Bank no conjunto de suas operações de crédito e a remuneração obtida pelo Banco apenas nas operações com a CBF", destacou o procurador. "Obviamente, não é crível que somente as flutuações de mercado, a conjuntura internacional e a situação patrimonial do tomador possam explicar tamanha diferença entre o tratamento dispensado à CBF e ao conjunto dos clientes do Delta Bank."

As explicações do procurador se referiram ao relatório final da CPI do Futebol que ressaltou a realização de empréstimos pela CBF no Delta National Bank em operações "fora de qualquer padrão da boa administração". Frisou que as taxas de juros cobradas, entre 14,5% e 25% ao ano, eram discrepantes das praticadas no mercado internacional, 5,22% e 8%.

"Além disso, houve um ajuste de pagamento antecipado desses juros, o que é bem incomum e contrário aos interesses de uma boa saúde financeira da CBF, conforme apurado pela CPI. Por isso, para o MPF, os contratos de empréstimo apenas conferiam aparência de legalidade a uma remessa de valores ao exterior", reforçou o procurador na denúncia.

O presidente da CBF já retornou ao Brasil após a realização da Copa do Mundo da Alemanha. Mas, hoje, ele não se pronunciou sobre o caso.

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