Qualquer empresa ou qualquer negócio, dos mais variados portes e segmentos, podem um dia estar à venda, seja por se tratar de uma ideia que todos querem e promete um futuro grandioso, um negócio sólido e gerador de resultados consistentes, uma organização que precisa ser perpetuada, mudanças de mercado, concorrência ou outros fatores. E dúvidas sempre pairam em uma decisão deste nível: vender total ou parcialmente a empresa, ou sua participação? quando fazer? como fazer?

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Independente do motivo da venda, o executivo de finanças deve estar preparado para ser o protagonista de um movimento desta natureza, seja uma pequena, média ou grande empresa. É este executivo que terá os informes, os dados, o conhecimento da realidade financeira do negócio. Muitas vezes, ele será quem conduzirá todo o processo. A atuação metódica deste profissional poderá trazer os principais sinais de alerta, positivos ou negativos, durante as fases da venda, realizando as projeções, cenários, enfim, proporcionando elementos objetivos para uma melhor decisão do sócio ou acionista.

Neste cenário, os executivos de finanças de empresas de pequeno e médio portes são os mais desassistidos. Seja pela estrutura muitas vezes enxuta que caracteriza qualquer empresa atualmente, ou pela personalização do sócio que pode trazer um conteúdo subjetivo e emocional para a decisão.

Ainda há uma carência de estatísticas de divulgação de operações de compra e venda de empresas de pequeno e médio portes que permitam traçar paralelos e semelhanças. O que vemos nas manchetes são as grandes operações, mas há uma infinidade de transações ocorrendo diariamente com outros portes de empresas.

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Esta ausência de informações talvez ocorra em função do aspecto pejorativo trazido pela denominação “pequena” e “média”. Pela nova classificação divulgada pelo BNDES (uma das poucas classificações de portes de empresas), empresa de pequeno porte é a com Receita Operacional Bruta (ROB) de R$ 2,4 até R$ 16 milhões por ano, de médio porte até R$ 90 milhões, de médio (nova faixa criada pelo BNDES) até R$ 300 milhões e grande, acima de R$ 300 milhões.

É notório que as grandes geradoras de riquezas, tributos e empregos são as de pequeno e médio porte nas quais, em termos quantitativos, ocorre o maior número de operações. Assim, mesmo que não esteja nos planos atuais de um empresário vender sua empresa ou de um executivo de finanças recomendar esta venda, é crucial que esta alternativa esteja sempre presente. Aliás, toda empresa deveria preparar-se para uma venda, mesmo que ela não venha a ser vendida de fato. Com esta preparação, todos somente tem a ganhar, pois a empresa preparada para uma venda é melhor organizada, com os controles definidos, processos conhecidos e estruturados. Mesmo não vendendo a empresa, o empresário terá sob seu comando um empreendimento melhor estruturado, sem dúvidas.

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Não só a preparação organizacional deve ser pensada e concatenada, mas em especial a cultural e até mesmo a psicológica. O dia seguinte a uma venda é um território desconhecido e apavorante para muitos. Assim, preparar-se é a palavra de ordem para que o dia seguinte, o pós-venda, seja o primeiro momento de novos e melhores negócios. Além desta preparação prévia, conhecer as principais etapas de operações de uma compra ou venda é primordial, pois as oportunidades podem surgir de um dia para outro e, na dinâmica de negócios deste porte e importância, atrasos podem ser fatais.

Será um diferencial estratégico conhecer previamente estas etapas, que podem ser diversas conforme o porte, complexidade e tempo disponível: preparação e estruturação administrativa, organizacional e até societária; contratação de negociadores ou advisors, advogados especializados; realização do valuation; instrumentos e documentos prévios e para a conclusão do negócio; definição de cronograma mínimo; due diligence; mapeamento de riscos internos e externos; estruturação tributária; planejamento de comunicações internas e externas; passos pós-fechamento; modelos possíveis, etc.

O inverso também é verdadeiro, pois tanto o empresário como o executivo de finanças podem constatar que é um ótimo momento para sair às compras. Sinteticamente, verifica-se que no cenário atual do país o que não se permite é ficar parado. Portanto, mãos à obra e ótimos negócios para quem, com a devida preparação e apoio, vende ou compra sua empresa.

Ricardo Becker é diretor do Comitê de Legislação Societária do Instituto Brasileiro de Executivos do Paraná(Ibef-PR) e sócio do escritório Becker e Pizzato Advogados Associados.