Rio – Reajuste do minério de ferro em 71,5% em 2005 e gripe aviária e mal da vaca louca, que elevaram o Brasil à condição de um dos maiores exportadores de carne de frango e bovina, garantiram o resultado recorde da balança comercial, apesar do pessimismo do mercado por causa da cotação do dólar desfavorável. A avaliação é da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).
"Ninguém projetava correção do minério de ferro de 71,5% assim como os preços da carne de frango aumentaram por causa da gripe aviária, que transformou o Brasil no maior exportador mundial de carne de frango", avalia o vice-presidente da AEB, José Augusto de Castro, lembrando que o mal da vaca louca fez com que o País também se tornasse o maior exportador de carne bovina.
O crescimento das exportações de produtos manufaturados, mais suscetíveis à desvalorização do dólar em relação ao real, também teve peso para o bom desempenho da balança, diz Castro. Contribuiu para isso, segundo ele, a estratégia das grandes empresas, que optaram por manter suas vendas apesar dos alegados prejuízos com a variação cambial. Já entre as pequenas, ele ressalta que em torno de 1.000 deixaram de vender para fora no ano passado.
O presidente da Volkswagen Caminhões e Ônibus, Roberto Cortes, afirma que o bom resultado da balança também é resultado do esforço que vem sendo realizado já alguns anos para abrir mercados e mostrar os produtos brasileiros. Quanto a variação cambial, o executivo diz que a Volks teve de reajustar os preços em 15% em 2005. Apesar disso, a montadora exportou 8.900 unidades, recorde histórico.
"Temos a percepção de que o dólar vai se situar entre R$ 2,45 e R$ 2,50. Assim, não teríamos de reajustar os preços lá fora", afirma. Caso o dólar não atinja essa cotação, Cortes prevê reajuste em torno de 10% nos preços dos caminhões e ônibus no exterior. Em 2006, o executivo estima que as exportações deverão responder por 25% da produção, ante 20% de 2005. Com isso, a montadora vai antecipar uma meta traçada para 2007.