Milosevic: Teorias conspiratórias inundam Belgrado

Teorias dando conta que Slobodan Milosevic teria sido deliberadamente envenenado corriam hoje por Belgrado, fortalecidas pela divulgação, ontem, de uma carta de seis páginas escrita pelo ex-líder sérvio um dia antes de sua morte, na qual ele dizia temer ser envenenado e que traços de uma "droga pesada", usada no tratamento de lepra ou tuberculose, haviam sido encontrados em seu sangue durante um exame médico em 12 de janeiro.

"Eles gostariam de me envenenar", teria dito Milosevic ao advogado, Zdenko Tomanovic.

A rádio B-92, de Belgrado, divulgou hoje que Milosevic estava usando por conta própria remédios para "anular" medicamentos para problemas cardíacos ministrados a ele por médicos da detenção de crimes de guerra da ONU em Haia, Holanda.

A mídia de Belgrado também informou que médicos russos que examinaram Milosevic em Haia no ano passado acreditavam que o ex-líder sérvio "poderia estar colocando de lado" alguns remédios receitados, temendo que os médicos do tribunal queriam matá-lo.

Aliados de Milosevic, incluindo sua viúva, Mirjana Markovic, insistiam hoje que ele foi assassinado.

"Meu marido foi morto pelo tribunal de Haia", afirmou Mirjana ao jornal Vecernje Novosti numa entrevista em Moscou, onde vive exilada.

"Eles fizeram isso porque eles estavam encrencados. Faltando apenas 37 horas (para o encerramento do julgamento), eles não tinham nada para condená-lo", disse a viúva. "Eles não podiam libertá-lo porque eles criaram o tribunal apenas para ele".

Outra teoria circulando em Belgrado traça o seguinte quadro: ultranacionalistas sérvios envenenaram Milosevic entregando a advogados dele remédios errados porque temiam que uma condenação do ex-presidente sérvio prejudicaria a Sérvia em outro julgamento em Haia. A Bósnia quer que toda a Sérvia seja considerada culpada de crime de genocídio pela Corte Internacional de Justiça pela guerra da Bósnia, de 1992 a 1995, um processo sem precedentes na história. A Bósnia pede uma reparação de bilhões de dólares.

O líder ultranacionalista sérvio, Tomislav Nikolic, afirmou recentemente que Milosevic não viveria para ver sua condenação. Ele não explicou sua previsão.

Outra teoria – de que Milosevic, cujos pais se suicidaram, teria posto fim à vida – foi rejeitada por Tomanovic. O advogado afirmou que o ex-presidente disse-lhe um dia antes de morrer que "queria lutar mais do que nunca para provar sua inocência".

O toxicologista holandês Donald Uges revelou hoje que examinou uma mostra de sangue de Milosevic no começo do ano, depois que a pressão sanguínea do ex-líder sérvio não respondeu a remédios ministrados por médicos da prisão. Uges disse ter encontrado traços de rifampicin, uma droga que poderia diminuir os efeitos de outras.

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