As Forças Armadas cumprirão as ordens que receberem do presidente da República, para atender o pedido do governador Sérgio Cabral (PMDB), mas é certo que resistirão à idéia de fazer policiamento ostensivo nas vias expressas do Rio – Linha Amarela, Linha Vermelha, Avenida Brasil e Avenidas das Américas. Para fontes militares, os comandantes vão defender que as tropas do Exército ?assumam posições estratégicas dentro de um plano de ocupação dos espaços físicos dominados pelos bandidos, mas, ao mesmo tempo, com os governos federal e estadual fazendo um trabalho social forte para ganhar a confiança da população?. Se não for assim, os militares vêem com desconfiança o pedido do governador.
Os comandantes militares ressaltam que o emprego da Força no Rio pode repetir ?o velho modelo?. Com uma frase bem-humorada, um general explicou o que isso significa. ?Blindado na rua, tropa morro acima, bandido morro abaixo e, depois de algum tempo, tchau e bênção.? Outro temor é expresso por uma pergunta que os militares se fazem. ?Se estivermos policiando a Linha Vermelha e formos atacados pelo crime organizado, o que fazemos? Respondemos? Ou apenas enterramos o nosso soldado morto?
Tomando como base a experiência adquirida na missão de paz no Haiti, o que os oficiais pretendem é uma ação integrada e de longo prazo. Sobem o morro sim, fixam uma base sólida lá dentro, ainda que tenha caráter policial, garantida pela força, e ficam por lá, ocupando espaço e ganhando a confiança da população, com programas sociais de rápida instalação e grande abrangência. Os militares até citam algumas dessas ações: atendimento de saúde com especialistas, recuperação sanitária, trabalho de casa em casa envolvendo, por exemplo, pequenas reformas que garantam a segurança nas áreas de risco, melhora no transporte e na iluminação, cursos, distribuição de alimentos e medicamentos e atividades culturais. Pelo menos no Haiti, na avaliação militar, deu certo.