Militantes xiitas fazem ameaças ao governo iraquiano

Um dia depois dos atentados em Cidade Sadr, os seguidores do clérigo xiita Muqtada al-Sadr fizeram ameaças ao governo do primeiro-ministro Nuri al-Maliki, dos quais até então eram aliados. O grupo de Sadr afirmou que vai deixar o governo de coalizão se Maliki se reunir com o presidente americano, George W. Bush, na próxima semana. O encontro deve ocorrer nos dias 29 e 30, em Amã, na Jordânia.

O bloco do clérigo xiita detém seis importantes ministérios e 30 das 257 cadeiras no Parlamento. Como o grupo é parte fundamental do apoio político a Maliki, se a ameaça de retirada for cumprida – ainda que temporariamente – seria um grande abalo no governo, possivelmente gerando sua dissolução.

Políticos ligados a Sadr denunciaram as forças americanas, responsabilizando as tropas estrangeiras pela atual onda de violência no Iraque. "As forças de ocupação são as culpadas pela situação do país, e por isso, elas devem se retirar", afirmou Saleh al-Iquaili, um senador ligado a Sadr. "E se o primeiro-ministro não desistir de seus planos de encontrar o criminoso Bush, nós iremos suspender nossa participação no Parlamento e no governo", completou o político.

Saddam cai, Sadr sobe

Antes da invasão americana, em março de 2003, o líder xiita Sadr era totalmente desconhecido fora do Iraque e tinha pouca importância dentro do país. A queda de Saddam Hussein e o colapso do partido Baathista acabaram revelando a base de poder do clérigo: uma rede de instituições de caridade fundada por seu pai – algo semelhante ao do grupo xiita Hezbollah, no Líbano.

Sadr mistura nacionalismo iraquiano e radicalismo xiita para liderar seus seguidores e sua milícia, o Exército de Mehdi. Ele é filho de um influente líder religioso, o aiatolá Mohammed al-Sadr – morto em 1999 pelo regime de Saddam. Na ação, ocorrida em Najaf, dois irmãos mais velhos de Muqtaba também morreram.

Sadr é hoje considerado um importante líder xiita no Iraque. Entretanto, ele não é visto como um líder religioso como seu pai. Isso porque ele não possui educação religiosa suficiente nem autoridade para emitir fatwas (decretos islâmicos).

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