Milícias contratam traficantes por R$ 700 no Rio de Janeiro

Ativistas de direitos humanos afirmaram ontem (08) a O Estado de S. Paulo que milícias estão contratando traficantes. Um dos lugares apontados – os autores da denúncia pediram anonimato, com medo de represálias – é a favela Roquete Pinto, zona norte. Ali, milicianos estariam pagando R$ 700 a ex-integrantes da facção Amigos dos Amigos (ADA). ‘Todo mundo sabe disso nas comunidades’ disse um integrante de uma entidade de defesa dos direitos humanos.

As milícias são grupos formados por PMs, ex-PMs, bombeiros e ex-bombeiros, que expulsam quadrilhas do tráfico de morros. Uma vez instaladas nas favelas, lucram com a cobrança de taxas sobre serviços. A Corregedoria da Polícia Militar investiga denúncias de que há apoio de policiais militares aos grupos paramilitares e de que soldados usaram rádios e carros da PM para incentivar milicianos em ocupações.

O Estado conversou com uma moradora de favela que confirmou que as milícias usam patrulhas oficiais para facilitar a entrada. ‘É uma operação normal. Em algumas comunidades, não gastam uma bala; em outras, trocam tiros. As milícias dominam depois, colocando câmeras para vigiar 24 horas, caso o tráfico volte’, disse ela, que não quer ser identificada.

A ONG Observatório das Favelas soube deste tipo de apoio em pelo menos cinco morros. A PM abriu inquérito, em 2006, para investigar a participação de policiais do 9º Batalhão em milícias, mas não comprovou a denúncia. Treze associações de parentes de vítimas do crime organizado fizeram ontem um ato diante do Palácio Guanabara para pedir ao governo o combate às milícias e à violência urbana.

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