Um grupo de homens armados expulsou hoje de madrugada as famílias de sem-terra que ocupavam a Fazenda 3J, localizada a 30 quilômetros de Londrina, no interior do Paraná. De propriedade do deputado federal José Janene (PP-PR), a fazenda tinha sido invadida em setembro. No início da noite a Secretaria de Segurança do Paraná informou que a polícia prendeu 16 pessoas que teriam participado da ação armada. As autoridades também instauraram inquérito para saber quem foi o mandante da operação de despejo.

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Mauri Nogueira, um dos homens detidos, foi encontrado com um revólver calibre 38 e ficou preso por porte ilegal de arma. Os outros suspeitos assinaram um termo circunstanciado e responderão "por exercício arbitrário das próprias razões", segundo nota da polícia. O Movimento dos Sem-Terra (MST) invadiu a fazenda no Paraná três meses atrás para protestar contra o enriquecimento ilícito de Janene, apontado como um dos principais beneficiários no escândalo do mensalão.

De acordo com Diego Moreira, da coordenação estadual do MST, os pistoleiros chegaram ao local por volta das 5 horas. "Eram quase 30 homens armados de carabinas, pistolas e revólveres", contou ele. "Chegaram atirando e renderam o pessoal da nossa segurança. Depois encostaram os caminhões na porteira da fazenda, obrigaram as famílias a subir e despejaram na frente da sede de uma cooperativa de assentados, no município de Tamarana, perto da fazenda."

No fim da tarde, os sem-terra voltaram ao local e realizaram um ato de protesto na entrada da fazenda. A maior preocupação deles é a recuperação das cabeças de gado, porcos e aves que tinham levado para o acampamento, mas que ficaram retidas pelos homens armados. Os sem-terra acusam o deputado de ter formado sua milícia para resolver à força o problema da ocupação da propriedade. "Ele emprega métodos que os coronéis usavam em séculos passados", ataca Moreira.

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Janene, que em votação realizada na Câmara acabou se livrando das acusações do mensalão, não se manifestou sobre a desocupação da propriedade onde cria ovelhas. Segundo assessores em Brasília e em Londrina, ele não foi localizado. Para os sem-terra, a ação da milícia já era esperada. Eles disseram que desde o ano passado homens armados rondavam o acampamento.