Recife (AE) – O presidente nacional do PSB, deputado Miguel Arraes (PE), respira com ajuda de aparelhos e encontra-se em estado muito grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) coronariana do Hospital Esperança, no Recife, onde foi internado na madrugada de sexta-feira (17), com suspeita de dengue e infecção pulmonar. Hoje pela manhã, o médico cardiologista Ricardo Paiva, um dos integrantes da equipe que cuidava de Arraes, afirmou que a infecção havia se generalizado (septicemia), num quadro de difícil reversão.

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O boletim médico divulgado por volta do meio-dia, assinado pelo clínico geral Ciro Andrade Lima, médico particular dele há 50 anos, não confirmou a informação de Paiva, mas destacou a gravidade do quadro clínico de Arraes, de 88 anos, fumante há 72. De acordo com o boletim, o presidente nacional do PSB havia tido alta da UTI na tarde de ontem (19) e foi transferido para um apartamento, sem febre e com o quadro infeccioso pulmonar, aparentemente, debelado. Poucas horas depois, Arraes apresentou dificuldade respiratória, com tosse, que evoluiu para uma arritmia cardíaca – instabilidade das batidas do coração. O presidente nacional socialista voltou, numa maca, para a UTI. Foi entubado e teve colocado um marca-passo externo, visando a estimular o funcionamento do coração.

Na mesma noite, teve baixa da pressão arterial. Medicado com drogas vasoativas para tentar manter a pressão arterial em níveis normais, não melhorou. Foi instalado, então, um cateter swan-ganz para melhorar o desempenho cardíaco. Arraes também faz tratamento com antibióticos desde que chegou ao hospital.

No início da noite, um segundo boletim indicou discreta melhora do estado do presidente do PSB. "O coração funciona, espontaneamente, e a freqüência cardíaca apresenta-se normal, não mais comandada pelo marca-passo", informou o boletim, que se referiu apenas à infecção pulmonar, que continuava tratada com antibióticos. A pressão mantinha-se estável.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva telefonou, por volta das 15h30, ao retornar de Assunção, do gabinete para o ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos, neto de Arraes para saber do estado do presidente do PSB. Lula determinou que Campos permanecesse na capital pernambucana, mantendo-o informado sobre a saúde do deputado do PSB de Pernambuco. O ministro da Ciência e Tecnologia cumpriu a agenda da manhã no Estado, cancelando a assinatura de um convênio com a Companhia Brasileira de Transportes Urbanos (CBTU), à tarde.

Os dez filhos de Arraes – oito do primeiro casamento (José Almino, Carlos Augusto, Ana Maria, Guel Arraes, Marcos, Maurício, Luiz Cláudio e Carmem ) e dois de Magdalena Arraes (Mariana e Pedro), com quem casou depois de ficar viúvo – estavam no hospital, assim como Campos. Ele afirmou que toda a família estava unida e confiante na possibilidade de recuperação do deputado do PSB.

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Campos destacou o "organismo forte" do avô e a vontade de viver "para continuar ajudando o povo do Brasil".

Quando os médicos puseram o deputado a par da situação em que ele se encontrava e falaram do entubamento e do marca-passo, na noite de ontem, ele, que estava consciente, disse para a equipe fazer o que fosse necessário. "Eu saio dessa", teria dito, de acordo com relato de pessoas próximas.

Desde cedo, a movimentação no Hospital Esperança era intensa. O senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), os deputados Roberto Magalhães (PFL-PE), Inocêncio Oliveira (PMDB-PE), Raul Jungmann (PPS-PE), Maurício Rands (PT-PE) e Fernando Ferro (PT-PE), a ex-prefeita de Maceió Kátia Born (PSB) e o presidente da Confederação Nacional da Indústria(CNI), deputado Armando Monteiro Neto (PTB), foram alguns dos políticos que estiveram no hospital.

Magalhães observou que "Miguel Arraes é dessas figuras das quais se pode discordar, mas tem de se respeitar". O presidente da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), Carlos Wilson, ex-vice-governador de Pernambuco na gestão Arraes, afirmou que, no sábado (18), quando o deputado se encontrava na UTI ainda "por precaução" por causa da idade, lúcido, ele teria afirmado que precisava estar bem para ajudar o País a enfrentar a crise pela qual passa.

Quando o presidente nacional licenciado do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ), fez o depoimento explosivo sobre "mensalão" e corrupção na Câmara dos Deputados, na terça-feira (14), Arraes estava em sua casa, no Recife, com febre e sintomas de dengue.