Migração deve ser encarada como uma questão mundial, diz embaixador

O embaixador do Paraguai no Mercosul e chefe da delegação paraguaia no 31º período de sessões da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), Juan Carlos Ramirez, defende que a migração deve ser encarada como uma questão mundial. Segundo ele, não apenas os latino-americanos migram para Estados Unidos e Canadá, mas um grande número de africanos e asiáticos está indo para a Europa.

"É um fenômeno que preocupa não somente pelo que vem ocorrendo nos últimos tempos, mas porque os números são realmente alarmantes. E isso afeta a todos os nossos países que têm uma taxa de imigração muito elevada. São temas que merecem um tratamento coordenado, no qual se deve buscar a eficiência dos programas e, sobretudo, a relação custo-benefício desses programas".

Para Leonardo Carrion, embaixador do Equador no Uruguai e chefe da delegação equatoriana, as políticas públicas sobre imigração devem considerar não somente o impacto econômico da perda de mão-de-obra em idade de trabalho, mas também o impacto social, especialmente o drama familiar das pessoas que se sujeitam a condições degradantes para melhorar a vida de suas famílias.

"Temos que observar o drama familiar que é produzido pela migração. No Equador, por exemplo, em várias pequenas cidades no interior quase não há homens e mulheres adultos", diz. "São cidades inteiras somente com idosos e crianças".

A Cepal mostrou também um aumento no número de mulheres que emigram em busca de melhores oportunidades e, em geral, apesar de suas qualificações, acabam trabalhando em tarefas domésticas. Nos países de economia pequena já se observa falta de mão-de-obra qualificada, especialmente professoras e enfermeiras.

Os dados também revelam um substancial aumento na quantidade de remessas de dinheiro que os migrantes fazem para seus países. Esses valores chegam a representar 24% do Produto Interno Bruto (PIB ? a soma de todos os bens e serviços produzidos em um país) do Haiti, 14% do PIB de El Salvador e 10% do PIB de Nicarágua, Honduras e República Dominicana.

Os estudos mostram que esse é mais um desafio para as políticas públicas da região pois, apesar de ajudar individualmente as famílias beneficiadas, os aportes representam um capital muito pequeno para a eliminação da pobreza, por sua volatilidade e altos custos de transferência.

Para a Cepal as remessas são importantes como fundos de investimento, mas representam o outro lado da moeda da falta de fontes de financiamento de investimentos produtivos, tanto públicas quanto privadas.

Com base nos dados levantados, a Cepal conclui que, apesar de a migração internacional oferecer saídas ao desemprego e à falta de perspectivas para um progresso profissional, apresenta crescentes riscos para os migrantes e acentua cada vez mais sua vulnerabilidade. Para a entidade, os governos devem pensar em políticas públicas que garantam a proteção dos direitos humanos dos migrantes, sua proteção jurídica internacional e o direito a um processo de inserção na sociedade de destino.

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