Os programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, são "essenciais", mas, "em outra etapa, é preciso dar também apoio financeiro, técnico, organização empresarial e capacitação". A avaliação é de Ladislau Dowbor, formado em economia política pela Universidade de Lausanne, na Suíça, e antigo assessor da Organização das Nações Unidas (ONU).

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"Não se trata apenas de transferência de renda, mas de inserção produtiva da massa mais pobre da população", diz. "Nós não podemos ficar tentando resolver o problema central do Brasil que é o da desigualdade só com transferências de dinheiro".

Segundo ele, há demora na expansão dos programas de microcrédito. Mas isso se deve à dificuldade de mudar a cultura das instituições financeiras, pois não entendem que "rico tem advogado e pobre tem palavra". "Por isso há o espanto de que o microcrédito tem apenas 2% de inadimplência no geral, quer dizer, as pessoas pagam", diz.

No caso do Banco Popular do Brasil que apresentou, nesse fim de ano, 24% de inadimplência, Dowbor opina que é natural acontecer desequilíbrios e que gradualmente o negócio se organiza. Dowbor diz que o ponto principal do microcrédito nunca é a quantidade de dinheiro e sim, a capacidade de organização para se trabalhar com muitos pequenos produtores. Ele

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"O banco deixa de ser o lugar onde se busca dinheiro e se torna um instrumento organizado de fomento. O nome é microcrédito, mas não quer dizer que é pequeno. Ele adota formas realmente adequadas de quem precisa desse tipo de crédito", diz.