O presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), marcou para hoje às 11 horas a reunião da Executiva nacional do partido. A decisão foi tomada ontem à noite depois de receber do líder do PMDB, senador Renan Calheiros (AL), um pedido com a assinatura de sete integrantes da Executiva. Foi a primeira vitória da ala do PMDB que defende a permanência do partido no governo.
A segunda batalha desse grupo, agora, é adiar a convenção do PMDB marcada para o próximo domingo que deve decidir se o partido deixa os cargos que ocupa no governo federal, se lança candidato próprio à sucessão presidencial e se muda a sigla de PMDB para MDB. Uma das propostas em discussão hoje foi apresentada pelo senador Maguito Vilela (PMDB-GO), que condiciona o adiamento da convenção à devolução dos cargos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva até amanhã. Seria uma tentativa de acordo. Mas de imediato teve reação de setores ligados ao governo que não desejam abrir mão dos cargos no Executivo, apesar de saírem contemplados com o adiamento da convenção.
Já o setor que defende uma posição de independência do partido em relação ao governo teria resolvido a questão dos cargos. Mas, em função da divisão interna, uma característica histórica do PMDB, espera-se muito debate na reunião de hoje. Muitos governadores devem desembarcar em Brasília para participarem da discussão, a convite do governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz. O governo está acompanhando de perto os movimentos do PMDB e espera que a convenção nacional seja realmente adiada. Uma das propostas seria realizá-la em 27 de março. Até lá o presidente Lula teria tempo para consolidar o governo de coalizão oferecendo maior espaço ao PMDB no governo.
Além do presidente Lula e dos ministros políticos, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, entrou também no circuito em busca de uma solução para o PMDB que signifique a manutenção do apoio do partido ao governo. Ele conversou com governadores para pedir apoio das bancadas. O governo teme uma eventual radicalização que prejudique a aprovação de matérias importantes no Congresso, sobretudo no Senado, onde tramita o projeto que cria as parcerias público-privadas (PPPs).
Sem os votos do PMDB, que tem 23 senadores, o governo não conseguirá êxito. Na Câmara, o apoio do partido também é essencial para aprovar as matérias pendentes como a Lei de Falências e a reforma tributária.
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