Michel Temer deve ser reconduzido à presidência do PMDB

O PMDB faz neste domingo, 11, a sua convenção nacional para homologar a reeleição do deputado Michel Temer (SP) como presidente do partido. Temer acabou garantindo sua permanência no cargo com a ajuda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que inicialmente estimulou a candidatura do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Nelson Jobim, mas no fim das contas fechou, com quatro anos de atraso, o acordo com o PMDB que recusou no início do seu primeiro mandato.

Na ocasião, o então chefe da Casa Civil, José Dirceu, chegou a acertar com Temer a adesão do PMDB ao governo, oferecendo o cobiçado Ministério das Minas e Energia. Depois de tudo combinado, Lula desautorizou seu mais poderoso ministro à época e nomeou Dilma Rousseff para a pasta, sem avisar o PMDB. Optou por barganhar no varejo o apoio de outros partidos menores, o que acabou funcionando como embrião do esquema do mensalão.

O jogo de Lula desta vez teve doses de maquiavelismo. Ele apostou no agravamento do racha do PMDB, dividido entre o grupo da Câmara, representado por Temer, e o do Senado, que apostava em Jobim. Ao incentivar a candidatura de Jobim, Lula conseguiu criar uma ameaça a Temer; ao socorrer o presidente do PMDB, tornou-se seu credor e não ficou com a obrigação de entregar dois ministérios à bancada da Câmara, como querem os deputados.

Quando confirmou a Temer na semana passada que nomearia o deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) para o Ministério da Integração Nacional, o presidente fez mais do que um gesto de boa vontade com a bancada da Câmara, que se recusara a apadrinhar a indicação presidencial do médico José Gomes Temporão para o Ministério da Saúde. A iniciativa presidencial provocou a renúncia de Jobim.

Inconformados com o desfecho da candidatura de Jobim, que tinham sustentado a pedido de Lula, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o senador José Sarney (PMDB-AP) não esconderam a mágoa pela "traição". Mas um interlocutor do presidente explica que o risco foi calculado.

Segundo ele, Lula sabia que não empurraria a dupla para a oposição, embora um desgaste pessoal com quem rege a pauta de votação do Senado seja sempre uma operação arriscada. Por isto, o Planalto buscou amarrar o apoio de Renan e da bancada, que tem mais 19 senadores – a maior do Senado -, com duas outras nomeações oficializadas quinta-feira: a de Romero Jucá (PMDB-RR) para a liderança do governo no Senado e a da senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), nova líder do governo no Congresso.

Baixada a poeira eleitoral, peemedebistas de todas as alas avaliam, agora, que não foi à toa que o Planalto estimulou Jobim a disputar a presidência do partido. Entendem que a divisão interna em torno de Temer e Jobim foi útil a Lula, que chegara a prometer três ou quatro ministérios ao partido, além das Comunicações e Minas e Energia se houvesse unidade no apoio ao governo. Com o acirramento da briga por cargos em sua base de apoio e tantos aliados para acomodar no primeiro escalão, Lula já não escondia que seria difícil dar a segunda vaga ao PMDB da Câmara.

O líder da bancada, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), alertou o Planalto de que não terá o compromisso de apoio fechado dos 90 deputados caso lhes seja negado um segundo ministério. Um colaborador do presidente, porém, explica que a opção de Lula foi consciente, ao constatar que seria impossível ter o voto fechado de todo o PMDB.

A preocupação do Planalto e de várias alas do PMDB se volta agora para o ex-governador Anthony Garotinho. Um assessor lembra que Lula tem "horror" a Garotinho e conta que, no auge da briga peemedebista, o presidente examinou os 119 nomes da chapa de Temer para o diretório nacional e se alarmou. "Contei aqui 36 nomes ligados ao Garotinho. Essa chapa é o ressurgimento do Garotinho", teria dito Lula. Temer contou a Lula que havia apenas 11 membros do Rio em sua chapa.

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