Metrô suspende buscas por até quatro dias

No início da madrugada desta terça-feira (16), à 0h40, o consultor do Consórcio Via Amarela, Márcio Pellegrino, divulgou para a imprensa uma nota oficial em que informava que as buscas por desaparecidos estão suspensas e só devem ser retomadas em três ou quatro dias. ?O trabalho foi suspenso porque há risco iminente de desabamento e é necessário preservar a integridade física dos bombeiros.? Há rachaduras até no túnel usado pelas equipes de resgate.

?Estamos no limite, precisamos parar, com gente viva ou não ali? ressaltou Pellegrino, ressaltando que, oficialmente, só há duas vítimas confirmadas do acidente. Segundo ele, já estão sendo adotadas medidas de segurança, incluindo a estabilização das estruturas da cratera e a redução da quantidade de entulho e de carga na superfície.

No quarto dia de buscas, o Corpo de Bombeiros conseguiu localizar as duas primeiras vítimas do desmoronamento do canteiro de obras da Estação Pinheiros, da Linha 4 do metrô, ocorrido na sexta-feira, mas conseguiu retirar apenas uma, a aposentada Abigail Azevedo, de 75 anos.

O corpo de Abigail, que estava passando a pé pela Rua Capri quando o buraco se abriu, foi localizado às 4h50. O filho dela, Sílvio Antônio Azevedo, acompanhou o trabalho de resgate, mas preferiu não ver a retirada para ?guardar a imagem dela viva?. A identificação foi feita por meio de documentos achados ao lado do corpo.

A outra pessoa morta estava no microônibus tragado pela cratera. Um deslizamento de terra impediu a remoção do veículo. A suspeita é de que seja o corpo da advogada Valéria Marmt, cliente regular da linha.

Os bombeiros conseguiram chegar à van da empresa Transcooper por volta das 15 horas. Segundo o comandante metropolitano do Corpo de Bombeiros, coronel João dos Santos, quando o microônibus foi encontrado estava sem o vidro traseiro e visivelmente ?comprimido? pela terra. Os cães farejadores tiveram papel fundamental na localização dos corpos. Um dos animais foi levado para o Aterro de Carapicuíba, onde toda a terra levada da cratera está sendo depositada, para localizar possíveis vítimas ou seus pertences – retirados por retroescavadeiras.

A família do cobrador Wescley Adriano da Silva, de 22 anos, permaneceu todo o dia no local do acidente, aguardando informações. ?Antes vinham até a gente. Agora é só pela imprensa?, desabafou.

O secretário de Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, reafirmou que a prioridade é o resgate das vítimas e negou que tenha havido resistência em admitir que o microônibus estava na cratera. ?Nesta hora temos de ser cuidadosos. Logo depois do acidente muitos funcionários da obra estavam desaparecidos, mas foram aparecendo aos poucos, restando apenas o motorista Francisco Torres (que segundo os bombeiros pode estar na cratera maior, no lado oposto ao da van).

A mulher do motorista, Maria Sinhazinha Torres, reclamou justamente da concentração de esforços. ?Agora só pensam no microônibus e ninguém fala em procurar meu marido.? As operações de busca já tinham sido interrompidas às 17h30. Na ocasião, a alegação foi a de que geólogos haviam notado a formação de fissuras na parede do buraco.

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