Métodos da Gestapo

São gravíssimas as insinuações de vínculos entre a retomada dos atentados do PCC em São Paulo e o Partido dos Trabalhadores, feitas pelo presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC). Por mais renhida que venha a ser a disputa pela Presidência, e a segunda pesquisa CartaCapital/Vox Populi confirma a tendência de encurtamento da distância entre Lula e Alckmin, não será a utilização de métodos da Gestapo que consolidará o vôo do tucano.

Bornhausen não temeu extrapolar os fatos lamentáveis ocorridos em Santo André, SP, culminando com o assassinato ainda não esclarecido por completo do então prefeito Celso Daniel. Mesmo assim, não deveria sentir-se autorizado a afirmar que ?nada mais será surpresa?, pois o PT ?vive no submundo de Santo André, no submundo do mensalão?. O deputado Ricardo Berzoini (SP), presidente do partido acusado, contestou Bornhausen, chamando-o de ?golpista?.

O senador José Jorge (PFL-PE), companheiro de chapa de Geraldo Alckmin, que já se referiu ao presidente da República como ?beberrão e preguiçoso?, e dias depois foi flagrado entornando umas e outras na festa junina que promove em Brasília, teve a suspicácia de afirmar que basta Alckmin subir nas pesquisas para o PCC recrudescer os ataques.

Ora, a tentativa de forçar a existência de nexos entre coisas tão díspares, cuja virtual comprovação faria ruir fragorosamente a República, exige com a urgência e a seriedade postas pelo áspero contexto vivido pelos paulistanos um esclarecimento que não deixe pedra sobre pedra. Ainda anteontem, o ministro da Justiça presidiu reunião entre os chefes das três armas e a cúpula da Polícia Federal, além de outros segmentos da administração federal, para um balanço da crise de São Paulo.

Essa instância funcional teria o legítimo direito de chamar às falas as autoridades policiais para que estas forneçam a versão escorreita dos fatos. Na mesma linha de pensamento dever-se-ia cobrar dos mentores do disparate, logo espalhado pela mídia, informações mais substanciais que meros palpites ou intenções subliminares de caráter eleitoreiro. É uma obrigação contraída perante o estado de Direito.

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