Meta de inflação deste ano será cumprida, aposta mercado

Com os preços dos alimentos em queda, o mercado financeiro reduziu novamente sua expectativa de inflação e passou a projetar uma variação de 4,5% para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano – exatamente a meta oficial definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A nova estimativa foi detectada na pesquisa semanal feita pelo Banco Central entre instituições financeiras e empresas de consultoria divulgada hoje (3).

"Com as expectativas de inflação no centro da meta deste e do próximo ano (que também é de 4,5%), passamos a ter um cenário de muita tranqüilidade no que diz respeito ao comportamento dos preços", disse o economista-chefe da corretora Concórdia, Elson Teles. Com isso, o economista acredita que o Comitê de Política Monetária (Copom) continuará a cortar os juros em 0,75 ponto porcentual nas próximas reuniões.

Nesse cenário, a taxa Selic chegaria a 15% já no final de maio e atingiria o menor nível desde março de 1975, quando estava em 13,6% ao ano. "Será mais um trunfo do governo Lula no campo da economia", disse o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini. O estrategista do BNP Paribas, Alexandre Lintz, descarta, no entanto, a possibilidade de aceleração do corte dos juros. "O interesse do BC é manter a tendência de queda por um prazo mais longo."

Para Teles, o corte nas taxas de juros não vai parar por aí. "A intensidade da queda poderá ser reduzida, mas os cortes deverão ser mantidos pelo menos até o final do ano", disse. Por conta desta possibilidade, a previsão de juros para o fim do ano recuaram pela terceira semana consecutiva na pesquisa do BC e passaram de 14,25% para 14,13% ao ano.

Com as boas perspectivas para a inflação e juros, Teles disse que não se surpreenderá com uma elevação, nas próximas rodadas da pesquisa, das previsões de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. "Nada muito grande. Mas algo que eleve as atuais projeções de 3,5% para algo mais próximo dos 3 6%", disse. Ainda assim, o porcentual permaneceria abaixo dos 4% estimados pelo BC no Relatório Trimestral de Inflação divulgado na semana passada. Na pesquisa semanal do BC, a previsão do mercado para a expansão do PIB em 2006 permanece em 3,5% há 48 semanas consecutivas.

A queda dos preços dos alimentos, segundo o economista da Concórdia, tem sido puxada pelas reduções significativas dos preços de venda de carnes bovina e de frango. "Estamos tendo promoções fora do normal, com os supermercados vendendo um quilo de frango a R$ 0,99", disse Teles. A queda dos preços é explicada pela diminuição das exportações desses produtos por causa da febre aftosa e da gripe aviária. "Sem as exportações, o oferta interna dos dois produtos acabou sendo ampliada", concordou Lintz.

A redução no preço dos alimentos anulou o efeito negativo da alta dos combustíveis sobre a inflação. "Temos visto também um baixo nível de repasse destes aumentos para outros setores da economia", disse Lintz.

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